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O perigoso efeito colateral da dieta sem glúten: diabetes
21/03/2017 - Giulia Vidale - Veja.com

O glúten, proteína presente em cereais como trigo, centeio e cevada, assumiu o posto de vilão da saúde e da dieta.

Após diversas celebridades, como a atriz Gwenethy Paltrow e a estilista e ex-Spice Girl Voctoria Beckham, e adeptos da onda “fitness” atribuírem seus corpos magros à dieta sem glúten, especialistas iniciaram um movimento para provar que a substância é prejudicial à saúde e à boa forma.

No entanto, agora começam a aparecer os primeiros estudos sobre os “efeitos colaterais” dessa moda.


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No mais recente deles, pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, concluíram que pessoas que eliminaram o glúten da dieta estão mais propensas a desenvolver diabetes tipo 2.

A proteína de fato pode ser prejudicial ao organismo – mas, comprovadamente, apenas entre aqueles que sofrem de doença celíaca, que afeta uma em cada 200 pessoas no mundo.

No entanto, muitas pessoas sem o problema começaram a seguir uma dieta ‘gluten free’ (sem glúten) acreditando que ser melhor para a saúde e forma física.

Com o objetivo de avaliar se o consumo de glúten afetava a saúde das pessoas que não tinham a doença celíaca, mas insistiam em eliminá-lo da alimentação, Geng Zong, pesquisador do Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, analisou o consumo de glúten e a saúde de 200.000 pessoas, acompanhadas durante 30 anos.

Nesse período, foram descobertos mais de 15.000 casos de diabetes tipo 2 entre os participantes.

Os resultados mostraram que quem consumiu mais de 12 gramas de glúten por dia, tinha menos risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Por exemplo, as pessoas que ingeriram a maior quantidade de glúten tinham uma probabilidade 13% menor de desenvolver diabetes tipo 2 do que aquelas que consumiam a menor (até 4 gramas por dia).

O estudo concluiu também que quem tirou a proteína da dieta, acabou consumindo menos fibras, e consequentemente predisposto a aumentar as chances do diabetes.

“Alimentos sem glúten geralmente têm menos fibra e outros micronutrientes, o que os torna menos nutritivos, além de custarem mais. Pessoas sem doença celíaca deve reconsiderar a decisão de limitar seu consumo de glúten principalmente no que diz respeito à prevenção de doenças crônicas como o diabetes.”, disse Zong.

Para Gisele Paiva, nutricionista da Clínica DrummonDermato, o grande problema é que pessoas que retiram o glúten da dieta, tendem a substituir seu consumo pelo de outros alimentos como arroz, por exemplo, que é um alimento refinado.

“As pessoas comem mais arroz e seus derivados, como farinha e biscoito de arroz. O arroz é um alimento refinado, e, como todo alimento refinado, aumenta o risco de diabetes.”, explica.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue e é uma das principais doenças da atualidade.

Para diminuir o risco de diabetes, em uma dieta com ou sem glúten, Gisele recomenda sempre optar por alimentos integrais e evitar industrializados.

“Precisamos entender que o glúten não é vilão. Ele só é prejudicial para quem tem doença celíaca. Os carboidratos presentes em alimentos que contêm a substância são benéficos para a saúde. Não é natural restringir seu consumo, nosso organismo não está acostumado a essa restrição.”, explica o endorcrinologista Airton Golbert, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.


  

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