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Produtores cobram respostas para perda de eficiência de milho Bt em MT
29/07/2014 - Leandro J. Nascimento - G1/MT

A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT) cobrou explicações de quatro multinacionais para que se manifestem sobre os problemas apresentados pela tecnologia transgênica de milho Bt, como a queda de resistência às pragas.

A entidade, que representa os agricultores do principal produtor brasileiro de milho safrinha, quer que as companhias Monsanto, DuPont, Dow e Syngenta apresentem soluções ao problema em até dez dias. Cobra ainda o ressarcimento dos prejuízos gerados.

"Queremos que as empresas apontem uma solução rápida para as perdas e também uma forma de ressarcir quem foi prejudicado", afirmou nesta segunda-feira (28) o presidente da Associação, Ricardo Tomczyk, em comunicado.


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"É um típico caso de produto que prometia um resultado que nunca foi entregue, ou seja: propaganda enganosa", disse o dirigente. Não são descartadas medidas judiciais em caso de não respostas pelas fabricantes.

Nesta temporada foram plantados em Mato Grosso pouco mais de 3,2 milhões de hectares com a segunda safra de milho. Em março, produtores começaram a relatar os ataques de lagartas no milho transgênico. Laudos técnicos, fotos e análises econômicas do prejuízo financeiro dos produtores rurais foram reunidos pela Associação representante da classe.

De acordo com os produtores, das quatro tecnologias existentes para o milho, duas perderam a eficácia.

As recomendações

Mesmo seguindo todas as recomendações descritas pelas empresas, como a manutenção do refúgio feito com o milho não-transgênico ao redor do cultivo, os ataques às lavouras provocaram gastos extras no custo de produção.

Pelos cálculos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o produtor desembolsou R$ 120 por hectare a mais no controle de pragas.

As áreas de refúgio são os espaços de plantio convencional que ficam ao lado de outro transgênico. A prática é uma forma de proteger a eficácia das tecnologias.

Atualmente, as empresas desenvolvedoras de biotecnologia fazem suas recomendações técnicas do espaço a ser destinado para as áreas com material não Bt (sem a tecnologia de proteção contra insetos).

No Brasil não há uma regulamentação sobre o tamanho das áreas que devem ser destinadas ao refúgio. O próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já disse estudar a elaboração de uma portaria estabelecendo os parâmetros.

A intenção do governo brasileiro é que sejam adotadas regras semelhantes às utilizadas nos Estados Unidos e na Austrália, mas com padrões adaptados à realidade brasileira.

Outro lado

Em nota ao G1, a Dow AgroSciences disse por intermédio de sua assessoria de imprensa que está analisando as alegações indicadas no documento da Aprosoja e que se posicionará dentro do prazo legal.

A empresa afirmou ainda que desde o lançamento da tecnogia Bt no Brasil, em 2009, conta com um programa de monitoramento de performance da tecnologia.

Diz ainda, que orienta os produtores rurais quanto à necessidade de adoção de um sistema de manejo integrado de pragas, que inclui, entre outras ações, o cultivo das áreas de refúgio.

Já a DuPont Pioneer afirmou que, até o momento, não recebeu a notificação. "Por essa razão, a empresa reserva-se o direito de não se manifestar até o recebimento do documento e análise dos pontos levantados pela associação", disse.

Sobre a resistência de sementes na cultura de milho, a empresa reconheceu haver casos envolvendo a lagarta-cartucho. "Desde que constatou o desenvolvimento de resistência de lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda) à proteína Cry1F, a DuPont Pioneer® intensificou o trabalho junto aos produtores em práticas de manejo eficazes para estender a durabilidade da tecnologia", pontuou.

Para os híbridos com as tecnologias Herculex® I e Optimum Intrasect, segundo a companhia, "continuam a oferecer controle efetivo contra um amplo espectro de pragas". A empresa ressaltou as práticas de manejo, que, segundo ela, "permitem que os produtores atinjam o potencial genético dos híbridos de sua base de germoplasma de alta produtividade".

A Syngenta informou que sua equipe técnica está à disposição dos produtores para sanar dúvidas e prover soluções integradas. Cita, em nota, que além da tecnologia transgênica, o agricultor deve adotar medidas para o controle de pragas, tais como área de refúgio, rotação de culturas e tecnologias de proteção de cultivo.

A Monsanto ainda não se pronunciou sobre a notificação até a publicação desta reportagem.


  

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