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Vem aí a pílula do amor
22/06/2009 - Rocío Gaia - Agênca EFE

Imagine se dentro de alguns anos existisse um remédio em forma de comprimido ou inalável que pudesse salvar o relacionamento de um casal. Talvez isso seja possível, de acordo com os trabalhos do pesquisador americano Larry Young, que estuda as bases químicas de uma das mais intensas, complexas e frequentemente contraditórias emoções humanas: o amor.

Cientista da Universidade de Emory, em Atlanta (EUA), Young e sua equipe, em
alguma medida, consideram que o amor "pode ser comparado a uma droga, já que está relacionado com as reações químicas que ocorrem no corpo e afetam o comportamento ou suas funções".

O doutor esclarece que, embora poderiam ser colocadas algumas bases para uma hipotética "poção do amor", suas pesquisas não têm esse objetivo, mas "desentranhar muitos aspectos de certos transtornos, como o autismo, que afeta a capacidade de estabelecer relações sociais, estudando os fatores químicos envolvidos nas emoções". Seus estudos com ratos da pradaria - animais que são bons modelos para as relações humanas, já que formam casais para a vida toda e passam sua juventude juntos - mostraram que uma rápida dose do hormônio correto pode alterar radicalmente as relações destes roedores.

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"Nos testes com os ratos, tomando uma fêmea, se ela for colocada junto com um macho e se injeta ocitocina em seu cérebro, o animal tentará se vincular rapidamente com o macho. Por outro lado, se forem retirados seus níveis naturais de ocitocina, a fêmea rejeita o macho", disse o especialista.

O hormônio da confiança

Está provado pelos cientistas que a ocitocina cumpre diversas funções nas relações e
reprodução humanas. Sua liberação durante o orgasmo exerce um potente bloqueio do estresse e também estimula a circulação do esperma e a contração da musculatura pélvica feminina. No parto, esta substância também faz com que o leite chegue aos seios da mãe e estimula o bebê a sugar o mamilo.

O contato do bebê com o mamilo do peito da mãe gera reações no cérebro da mulher que leva à secreção de ocitocina, o "hormônio da confiança", revelou um estudo internacional publicado na parte "Computational Biology" da revista "Public Library of Sciences".

"Este hormônio intervém nos laços sociais e trabalhistas, e nas relações em que uma pessoa cuida de outras. Nos animais, esta substância é responsável de desenvolver o vínculo entre a mãe e sua descendência", segundo Young, que também afirmou que este processo "ocorre do mesmo modo nos humanos".

Além da descoberta do especialista de que a ocitocina é a responsável por vincular os ratos da pradaria, outras pesquisas anteriores realizadas com humanos mostraram que "esta substância hormonal também aumenta a em relação a outras pessoas e a habilidade de compreender suas emoções", segundo o pesquisador americano.O doutor Young acredita também que esse hormônio "também intervém no fortalecimento dos vínculos entre as pessoas".

Se isso se confirmar, algum dia seria possível desenvolver afrodisíacos químicos que fariam com que nos apaixonássemos por uma pessoa ou que despertassem o interesse de outros em alguém, chegando a existir, inclusive, "antídotos contra amores inconvenientes". Uma pílula com esses efeitos provavelmente bateria todos os recordes de venda, certamente superiores às de muitos compostos farmacológicos para tratar uma doença, aliviar a dor ou prevenir um transtorno.

Por enquanto, essa "poção do amor" não chegou às farmácias, mas alguns empresários sonham com ela e, inclusive, já comercializaram através da internet produtos com aspecto de perfume que combinam a ocitocina com feromônios - hormônios associados à atração sexual nos animais - e que prometem aumentar as relações e encontros.Se algum dia fosse possível desenvolver um remédio deste tipo e complementando com uma terapia de casal, isso poderia ser proveitoso para casamentos em crise.

"Com um composto químico deste tipo, poderia se chegar a desenvolver uma 'prova do amor' para saber se duas pessoas são compatíveis para ter uma vida feliz em comum", disse o pesquisador.

  

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