Seguro é fazer até cinco raios-X por ano, afirmam médicos 10/09/2010
- Iara Biderman - Folha de S.Paulo
Quantos exames radiológicos uma pessoa pode fazer por ano com segurança?
Os médicos relutam em estabelecer um número, porque muitas vezes os benefícios superam os riscos da exposição à radiação.
Mas especialistas dão uma ideia do que seria uma margem segura, considerando exames feitos com equipamento bem calibrado e profissionais capacitados.
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"Uma pessoa que faz até cinco radiografias por ano certamente não corre o risco de radiação excessiva", diz Giovanni Cerri, diretor do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo).
O número serve para adultos e crianças. A máquina é ajustada conforme peso e idade da criança, e a intensidade da radiação é menor.
Uma média de cinco exames significa, por exemplo, duas radiografias nos dentes, uma no tórax, uma tomografia no rosto e a mamografia. É suficiente para procedimentos de rotina.
Em algumas doenças, pode ser necessário aumentar muito esse número. Não há limite para a quantidade de radiografias e tomografias que podem ser feitas. Os médicos podem calcular o custo/benefício de submeter o paciente a mais radiação.
"A preocupação é não realizar exames radiológicos se não for necessário. A radiação é cumulativa, ou seja, uma dose soma-se à outra, inclusive com as de outras fontes, como a radiação solar", diz Cerri.
Márcio Garcia, coordenador do Centro de Diagnóstico do Hospital Infantil Sabará, concorda que até cinco radiografias por ano é um número totalmente seguro. "Mas isso não quer dizer que, quando é preciso fazer mais exames, a pessoa está em risco", ressalta.
O problema é que, atualmente, são feitos muitos exames desnecessários.
"Muitos médicos praticam uma medicina defensiva: para evitar possíveis queixas futuras sobre falhas do diagnóstico, já pedem tudo quanto é exame de uma vez", diz Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Para Sebastião Tramontin, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, é uma questão de seguir critérios para indicar o exame.
"Em casos de sinusite, só pedimos uma radiografia da face se não foi possível fechar o diagnóstico após um bom exame clínico, por exemplo. Mas se chega uma criança com suspeita de infecção pulmonar, vamos fazer os raios-X", explica Garcia.
Nos problemas ortopédicos, também é difícil prescindir da radiografia. "Mas a tomografia, que emite mais radiação, deve ser reservada só para os casos mais complicados", diz o médico.
A ressonância magnética, que não emite radiação, pode ser usada em algumas situações. Mas o exame é bem mais caro e, muitas vezes, exige sedação, especialmente em
crianças.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1 - Quantos exames posso fazer por ano?
Não há um limite estabelecido. O exame deve ser feito sempre que o médico avaliar que o benefício é superior ao risco.
2 - O aparelho deve ser ajustado para crianças?
Sim, sempre. Crianças são dez vezes mais sensíveis à radiação do que os adultos. Exames como a tomografia devem usar dose mínima de radiação para evitar a possibilidade de efeitos tardios, como o câncer.
3 - O que pode acontecer se houver dose excessiva?
Efeitos biológicos da radiação foram constatados em casos de alta exposição -por exemplo, após explosão de bomba atômica. Mas não há estudos populacionais dizendo que quem fez mais tomografias tem mais chances de câncer.
4 - Quais são os efeitos imediatos de uma overdose?
Perda de cabelo, leucopenia, lesões na pele, anemia e catarata podem acontecer quando a pessoa é exposta a doses muitos elevadas de radiação, o que é pouco provável em exames. Só ocorrem se o aparelho estiver muito descalibrado ou o funcionário não seguir protocolos de segurança.
5 - O que o paciente pode fazer na hora de se submeter a um exame radiológico?
Observar se há certificado ou selo de qualidade garantindo que o aparelho está calibrado. Exigir por escrito a dose de radiação a que foi submetido.