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Viagra pode ajudar no desempenho do futebol?
03/09/2012 - Ricardo Guerra - O Estado de S.Paulo

Recentemente, em consequência das acusações feitas pela agência antidoping dos EUA (USADA) contra o ciclista norte-americano Lance Armstrong, o assunto do doping no esporte ressurgiu. Na verdade, muitos atletas profissionais estão constantemente à procura de qualquer recurso que possa proporcionar vantagens para melhoria do desempenho nas atividades esportivas.

Consequentemente, não é mais chocante ouvir falar que tais esportistas de elite, com o apoio de um grupo de técnicos e outros especialistas, fazem uso de certos medicamentos ou substâncias, para obter vantagens nas competições. No entanto, o público em geral ficaria surpreso ao descobrir exatamente quais fármacos esses atletas estariam usando para melhorar suas performances.

Assim sendo, a Agência Mundial de Antidoping (WADA), a qual possui vínculos muito próximos com pesquisadores no mundo inteiro, está sempre à procura de qualquer substância que possa ser usada como auxílio ergogênico. Uma pílula azulzinha, muito conhecida, que não tem recebido muita atenção ultimamente da mídia, vem sendo investigada pela organização durante os últimos anos.


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No momento, a consideração de incluir a “azulzinha”, ou não, na lista de substâncias proibidas ainda é tema de discussão no campo da fisiologia do exercício.

O Citrato de sildenafila, popularmente conhecido como Viagra (a azulzinha), é fabricado pela gigante Pfizer. De fato, inicialmente, a substância foi desenvolvida para tratamento da angina (dor no peito). No entanto, os pesquisadores logo observaram que o fármaco não era eficiente para tratar tais sintomas, e mais tarde descobriram que a droga tinha um efeito potente sobre o tecido pulmonar e genital.

Dessa maneira, o Viagra aumenta os efeitos do óxido nítrico, uma molécula que induz a expansão (vasodilatação) dos vasos sanguíneos, e assim facilita um influxo sanguíneo maior para o órgão sexual masculino de homens que sofrem de impotência. Hoje em dia, uma grande parte dos homens que sofrem de disfunção erétil utiliza medicamentos como o Viagra para tratar desse problema.

Porém, ao longo dos últimos anos, a pílula azul tem encontrado espaço em meios esportivos profissionais onde muitos atletas nas modalidades de resistência, (maratonas, ultramaratonas, triatlons, cross-country skiing, ciclismo, etc.), acreditam que a substância possa conferir vantagens nas competições.

De fato, tais vantagens podem estar potencialmente ligadas apenas às competições que ocorrem em altitudes mais elevadas e aos esportes que exigem grandes esforços do sistema cardiovascular, como nas modalidades mencionados acima.

Assim sendo, o uso do Viagra causa a dilatação ou expansão dos vasos sanguíneos e facilita o fluxo do sangue e do oxigênio para os pulmões, o que, consequentemente, aumenta a distribuição do oxigênio aos diversos tecidos do organismo, incluindo os músculos esqueléticos.

Portanto, segundo Kevin Jacobs, respeitado fisiologista do exercício da University of Miami, o medicamento (Citrato de sildenafila) quando administrado em grandes altitudes, pode realmente aliviar os sintomas induzidos pela hipóxia (a deficiência de oxigênio em tecidos do corpo humano), que causa a redução da capacidade de atividade física.

Sabe-se que com o aumento da altitude, a saturação de oxigênio no sangue diminui, porque a quantidade de moléculas disponíveis de oxigênio é menor. Além disso, em áreas ainda mais elevadas, os vasos sanguíneos dos pulmões vão se estreitando, o que impõe limitações na saturação de oxigênio. De fato, é em tais circunstâncias que o Viagra, com seus poderes vasodilatadores, possui os maiores efeitos na reversão ou mitigação de alguns desses problemas.

“Em altitudes simuladas de até 3900 metros, verificamos que o Citrato de sildenafila não obteve nenhum efeito significativo sobre a capacidade de exercício ou no desempenho de ciclistas do sexo masculino e feminino que treinam habitualmente”, salientou o Dr. Jacobs.
“No entanto, em elevações que variam de 4350 a 5800 metros, a maioria dos atletas, porém nem todos, podem realmente se beneficiar do uso terapêutico do medicamento”, completou o fisiologista.

Desse modo, é muito provável que, em grandes altitudes, certos esportistas possam também se beneficiar do uso do Viagra ao participar de esportes praticados de forma intermitente, como, por exemplo, o futebol, pois a capacidade de se recuperar rapidamente durante o decorrer de uma partida e a habilidade de participar de múltiplos e subsequentes movimentos curtos de alta intensidade é decorrente de uma capacidade aeróbica avantajada.

Assim sendo, mencionamos ao Dr. Jacobs que muitas equipes brasileiras encontram dificuldades quando elas viajam para jogar em cidades localizadas em tais circunstâncias como, por exemplo, em La Paz e em Quito.

“Se há jogadores no plantel que encontram maiores dificuldades do que outros, em decorrência de jogarem partidas em grandes altitudes, seria aconselhável encaminhá-los ao médico responsável pela equipe, que em caso de necessidade poderia optar pelo uso terapêutico do Viagra”, acrescentou o Dr. Jacobs, que completa dizendo que, “No entanto, um plano de aclimatação à altitude é sempre a melhor estratégia para qualquer atleta que irá competir em altitudes mais elevadas”.

“Porém, em elevações acima de 4350 metros, até mesmo para aqueles que já foram aclimatados, o fármaco pode potencialmente conferir benefícios fisiológicos”.

Além disso, alguns esportistas possuem condições médicas legítimas que só podem ser tratadas com medicamentos. O Viagra, por exemplo, é utilizado com frequência por atletas paralímpicos, pois indivíduos com lesões graves da coluna vertebral sofrem de um grau significativamente maior de disfunção erétil quando comparados com o resto da população. E com isso a decisão de proibir o uso de qualquer substância é complicada, pois o uso clínico de qualquer medicamento precisa sempre ser levado em consideração.

Segundo Claudio Perret, um fisiologista do exercício que já desenvolveu diversos estudos com atletas paralímpicos, a qualidade de vida desses esportistas seria afetada negativamente se o Viagra fosse colocado na lista de substâncias proibidas.

“Alguém poderia até argumentar que a decisão de colocar ou não o medicamento na lista de banidos é uma questão de ética levando-se em consideração a necessidade médica do individuo,” acrescentou o Dr. Perret.

Na verdade, até o momento, a organização não decidiu colocar o Viagra na lista de substâncias proibidas.

De acordo com o médico sueco Arne Ljungqvist, presidente da Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional (COI) e vice-presidente da Agência Mundial de Antidoping (WADA), “O Viagra não deve ser colocado na lista de substâncias banidas, já que ele está sendo utilizado para fins médicos e sociais que são mais importantes do que quaisquer vantagens que possam ser proporcionadas aos atletas com funções pulmonares reduzidas competindo em grandes altitudes”.

“Estou convicto de que, por enquanto, o Viagra não será colocado na lista de substâncias proibidas para o ano de 2013… Não seria justificável”, acrescentou o médico que completa dizendo que, “No entanto, é importante notar que a lista é atualizada anualmente e as coisas podem sempre mudar”.

Até agora, diversos esportistas ainda podem fazer o uso do Viagra, e muitos provavelmente usaram a substância nos dois últimos jogos olímpicos. Infelizmente, é muito difícil saber exatamente quantos fizeram uso do produto nas últimas olimpíadas e com qual intuito.

No entanto, se alguns desses atletas ficaram à espera de um melhor desempenho em suas modalidades desportivas ao nível do mar, eles podem ter ficado desapontados e terão que esperar até que as olimpíadas sejam realizadas em altitudes mais elevadas. Entretanto, é bem possível que muitos, mesmo sem nenhuma melhoria no desempenho desportivo, possam ter ficado bem satisfeitos na vila olímpica, na privacidade de seus quartos…

...

Nota: Não aconselhamos o uso de qualquer medicamento. O Viagra como qualquer outro fármaco que requer receita médica, somente deve ser utilizado após a consulta e avaliação minuciosa de um médico, pois cabe exclusivamente a ele decidir sobre o uso de qualquer medicamento.

  

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