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O diabetes vai levar a saúde pública à falência, diz endocrinologista
19/11/2012 - Aretha Yarak - Veja Online

"Em todo país se gastam milhões e milhões de dólares em complicações do diabetes. São gastos em hospitais, com cirurgias e diálises, por exemplo. Essa quantia gasta com as complicações é imensa, e vai levar todos os sistemas de saúde pública do mundo à falência."

O diabetes mata mais do que o câncer e o HIV juntos. Silenciosa, a doença pode apresentar os primeiros sintomas apenas 15 anos depois de seu início. Nesse estágio, a condição já apresenta complicações que variam da disfunção sexual à amputação de uma perna. Dados do Ministério da Saúde apontam que em apenas 12 anos o número de mortes em função da doença aumentou 38% — passando de 24,1 mortes por 100.000 habitantes, em 2006, para 28,7 mortes por 100.000 em 2010. A epidemia de diabetes cresce de mãos dadas com o avanço da obesidade.

De passagem pelo Brasil para participar do 30º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia, que aconteceu em Goiânia entre 7 e 10 de novembro, o endocrinologista mexicano Enrique Caballero acredita que para barrar o avanço da doença é preciso que se invista em políticas de prenveção. Diretor da Iniciativa Latina para o Diabetes do Joslin Diabetes Center — um dos principais centros mundiais de referência no estudo da doença — e professor da Universidade de Harvard, Caballero afirma que o avanço da doença pode levar os sistemas públicos de saúde à falência.


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"Se gastam milhares e milhares de dólares com as complicações do diabetes. Claro que o paciente precisa de tratamento, mas isso não resolve. Para barrar o crescimento da doença, deve-se investir em prevenção.”

Em entrevista exclusiva ao site de VEJA, Caballero fala sobre a importância do diagnóstico precoce e faz o alerta: "Não vá ao médico apenas quando já estiver se sentindo mal. Mesmo que esteja bem, vá e peça para fazer o exame que mede os níveis de glicose no sangue. É algo simples e que pode ajudar na prevenção da doença." Caballero fala ainda sobre a necessidade de um maior envolvimento social e político nas estratégias de prevenção da doença, na importância da farmacoeconomia e sobre as perspectivas de cura do diabetes.

O diabetes tem sido subestimado?

- Diabetes mata mais que câncer e HIV juntos. Quando se ouve a palavra câncer ou a palavra aids, se tem medo. Ao ouvir diabetes, normalmente se pensar apenas em evitar alguns doces. O diabetes vai matar mais, e as pessoas não sabem disso. Acredito que a doença não tem sido encarada como uma condição séria, que pode levar a muitas complicações. O diabetes é a causa número um de cegueira e de falência crônica dos rins. Ele é ainda uma das principais causas para doenças cardiovasculares e para amputações não traumáticas. Até mesmo problemas de ereção podem ser uma consequência da doença. O diabetes pode ser uma doença devastadora. É importante que as pessoas não esperem se sentir mal para ir ao médico. Vá, mesmo que esteja tudo aparentemente bem com a sua saúde, e peça um exame de sangue para medir a glicose. Quanto mais cedo a doença for identificada, mais chances de controle e de evitar complicações.

Como o senhor vê a situação do diabetes no Brasil?

- O Brasil está enfrentando um enorme desafio com o diabetes tipo 2. De acordo com os dados mais recentes da Federação Internacional para o Diabetes, o país é o quinto em número total de pessoas com diabetes tipo 2. Até 2030, acredita-se que o Brasil vá subir um degrau nessa lista. Mas acredito que o número de diabéticos calculado está errado. Ele deve se referir apenas às pessoas diagnosticadas, e existe muita gente que tem a doença e não sabe. E não sabe porque o diabetes é uma doença silenciosa. Pode levar até 15 anos para que os primeiros sintomas comecem a aparecer.

Por que o número de diabéticos não para de crescer?

- Em primeiro lugar, acredito que há uma predisposição genética para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 no Brasil. Isso acontece na população latina em geral. O Brasil combina diferentes fatores, do ponto de vista racial: há combinações de genes indígenas e negros, por exemplo. O que sabemos é que existe a resistência à insulina, e essa resistência é determinada geneticamente. Na população brasileira, as células beta [produtoras de insulina no pâncreas] tendem a ficar mais cansadas de maneira mais fácil, comparando a outras populações não latinas. Essa combinação de resistência à insulina com uma a disfunção das células beta está mantendo o diabetes tipo 2 em ascensão.

É possível reverter o crescente aumento no número de casos da doença?

- Acredito que sim, mas é preciso enfatizar a prevenção. Um dos problemas é que queremos trabalhar com adultos, mas é muito difícil convencer um adulto a mudar um estilo de vida que perdura por décadas. Precisamos começar mais cedo, com as crianças. Com certeza, essa não é uma solução simples e rápida. Os governos devem implementar estratégias para deixar as comunidades mais saudáveis, o que significa ajudar, de fato, as pessoas a serem mais saudáveis, a se exercitarem mais. Por isso, acho que o controle do diabetes é um problema social e político, não só uma questão de saúde.

Os tratamentos mais baratos, inclusive os distribuídos no Brasil pelo Sistema Único de Saúde, são também aqueles que mais apresentam efeitos adversos. Vale a pena usá-los?

- Existe uma nova maneira de olhar para isso chamada farmacoeconomia. Se você opta por oferecer o tratamento mais caro, e ele está realmente ajudando o paciente e provocando poucos efeitos colaterais, então seu custo será mais baixo a longo prazo. Isso acontece porque se previnem problemas futuros e dispendiosos, como necessidade de ida ao hospital e internações. Esse raciocínio vem sendo levado em consideração para decidir se basta olhar apenas para o custo da medicação ou para uma intervenção com prazo mais extenso. Mas isso é algo relativamente novo.

No Brasil há uma boa política para o diabetes?

- Há alguns esforços, mas eles não são suficientes. Em todo país se gastam milhões e milhões de dólares em complicações do diabetes. São gastos em hospitais, com cirurgias e diálises, por exemplo. Essa quantia gasta com as complicações é imensa, e vai levar os sistemas públicos de saúde de todo o mundo à falência. O problema é que não se investe em prevenção. Não há recursos para educar famílias e investir em programas de intervenção na comunidade. O benefício, claro, não será visto imediatamente, mas é o certo a se fazer: deslocar parte do dinheiro gasto nas complicações tardias da doença para a prevenção. É algo radical, mas é o que precisa ser feito.

Estamos perto da cura?

- Um dos principais objetivos do Joslin Diabetes Center é encontrar a cura. Mas ainda não estamos lá. Tanto para o diabetes tipo 1 como para o 2, o principal problema é que as células do pâncreas se cansam, elas não trabalham muito bem. A cura para o diabetes seria encontrar uma maneira que faça com que as células do pâncreas não se cansem, ou que se seja capaz de produzir novas células. O que se pode fazer são transplantes de ilhotas [conjunto de células unidas em formato de uma esfera] para o pâncreas. Uma outra abordagem que vem sendo estudada é o uso de células-tronco, que são induzidas a se transformarem em novas células produtoras de insulina no pâncreas.

Algumas dessas técnicas já têm resultados animadores?

- Podemos curar o diabetes em animais com o transplante de ilhotas, porque o sistema imunológico deles não é tão sofisticado quanto o do homem. Assim, eles não destroem as novas células transplantadas. Em humanos, no entanto, essa técnica causa uma cura apenas temporária, de uns 18 meses, mas depois disso as novas células são eliminadas pelo sistema de defesa. Atualmente, os estudos caminham para a inserção dessas células em microcápsulas, que evitariam a rejeição pelo corpo. Ainda não obtivemos sucesso nisso. Em relação às células-tronco, a gente já consegue fazer com que elas se transformem nas células beta do pâncreas, que são as produtoras de insulina. Elas já têm uma estrutura perfeita, mas ainda não conseguimos fazer com que produzam insulina em resposta à chegada de glicose.

  

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