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Segundo filho: como atenuar o ciúme do primogênito
09/05/2015

A chegada do irmãozinho provoca grande mudança na vida de uma criança.

Obrigado a dividir o afeto dos pais, o primogênito tem de lidar com sentimentos contraditórios, comportamento agressivo, regressão nas frases de desenvolvimento -- como voltar a fazer xixi na cama -- e e até mesmo ignorar o novo membro da família são algumas formas que a criança encontra para demonstrar ansiedade e frustração, principalmente quando ela ainda não tem repertório verbal para expressar suas emoções.

Algumas atitudes dos pais, familiares e professores podem ajudar a criança a se adaptar à nova vida.


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O pediatra José Paulo Vasconcellos Ferreira, do departamento de pediatria do comportamento e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a psicóloga Patrícia Bader, do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo, dão oito dicas de como os pais podem suavizar essa fase de transição do filho mais velho:

Dê a notícia logo - e sem culpa

Na intenção de poupar o filho dos sentimentos conflituosos que estão por vir, muitos pais decidem adiar a notícia até que não seja mais possível escondê-la.

Um erro, segundo os especialistas, que costuma ser motivado por um sentimento de culpa que não deveria existir -- afinal, a decisão não prejudica o filho.

"Mesmo que ela ainda não entenda o que está acontecendo, percebe algo diferente, como o fato de que todos começam a tocar a barriga da mãe, por exemplo. E isso aumenta a ansiedade da criança", explica José Paulo Vasconcellos. da SBP.

Portanto, conte ao filho antes de divulgar a notícia aos parentes.

E, principalmente, conte sem transmitir culpa e com muita naturalidade, o que não implica na explicação detalhada de como nascem os bebês, claro.

Responda de forma clara apenas o que a criança perguntar.

Não obrigue o filho a colaborar

Uma das formas que as crianças têm de expressar seu desconforto com uma situação, em especial quando ainda não há maturidade para fazê-lo verbalmente, é ignorá-la -- e, convenhamos, quem nunca quis fingir que um problema não existe?

Segundo os especialistas, a atitude ajuda a criança a suportar a frustração, por isso deve ser respeitada.

Portanto, é saudável convidar a criança para escolher decoração do quarto, roupinhas, brinquedos, mas se ela se recusar a participar, os pais não devem insistir.

O mesmo vale para o período após o nascimento: qualquer contribuição deve ser voluntária, nunca para forçar uma aproximação.

Informe sobre a chegada do irmãozinho à escola

Professores e outros profissionais que integram a rotina da criança podem ajudá-la a entender e aceitar a nova situação.

A colaboração dos professores é fundamental para os pequenos: além de observar se a mudança na família afeta o desempenho escolar e a relação com os outros alunos, eles podem estimular conversas com colegas que já possuem irmãos o que ajuda a minimizar os "fantasmas" que rondam a fantasia da criança.

Relembre o tempo em que o primogênito era bebê

Reveja com o filho as fotos antigas e conte histórias que o ajude a se colocar no lugar do irmão que está para chegar.

"Esses momentos proporcionam uma sensação de alívio para a criança, que percebe que ela também já recebeu toda aquela atenção", diz a psicóloga Patrícia Bader.

Não compense com presentes ou mimo a atenção dividida

Para promover a aproximação entre os irmãos desde o primeiro encontro, os pais podem recorrer a um artifício simples: na visita inaugural na maternidade, o primogênito ganha um "presente" do mais novo membro da família.

Por outro lado, o gesto não pode, jamais, representar uma compensação dos pais pela culpa de dividr a atenção que antes pertencia exclusivamente ao filho mais velho.

"A criança precisa aprender a lidar com emoções como ansiedade e frustração, sem prêmios para compensar esses sentimentos", diz o pediatra José Paulo Vasconcelos, da SBP.

Outro erro é deixar a culpa ditar as regras quando a fome do mais velho bate, não por coincidência, nos momentos em que a mãe amamenta o bebê.

"Não há problema nenhum em terminar de amamentar antes de atender o mais velho. A criança tem de aprender a esperar sua vez", diz Patrícia Bader, psicóloga do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

Mantenha a rotina do primogênito

Para os pequenos com até cinco anos de idade, mudanças na rotina em pleno turbilhão de sentimentos contraditórios, normais durante a fase adaptação à nova estrutura familiar, não são bem-vindas.

Evite troca de escola, retirada de chupeta ou mamadeira ou substituição do berço pela cama nos primeiros meses após o nascimento do bebê.

O mesmo vale para as brincadeiras dentro de casa: "bebês dormem com luz e barulho, sem frescura. A presença do recém-nascido não deve afetar a rotina da criança acostumada a brincar dentro de casa", diz o pediatra Vasconcellos.

Saiba aceitar a regressão

A regressão é um comportamento comum após o nascimento do primeiro irmão.

O passo atrás no desenvolvimento -- voltar a tomar mamadeira ou a fazer xixi na cama, por exemplo -- é vista como um retorno ao tempo em que ela ainda era o centro das atenções.

Não repreenda com comentários como "que coisa feia!".

"Neste momento em que a criança começa a disputar o afeto dos pais, a crítica negativa diminui ainda mais sua autoestima", explica a psicóloga Patricia Bader.

Se ela pedir a mamadeira, sugira comprar um copo novo. Se fizer xixi na cama, peça ajuda para trocar os lençois, sem culpá-la pelo "acidente".

Encare a realidade: o ciúme não tem idade

A boa notícia é que a fase aguda do ciúme não costuma durar mais de dois meses.

A má notícia é que, mesmo depois que os filhos se casam, eles ainda disputam a atenção dos pais e a discussão sobre quem é o filho preferido não tem fim.


  

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