Um Brasil desconhecido 02/09/2003
- Jornal do Meio Ambiente
Nosso povo na miséria com tanta riqueza sendo subtraida por Estrangeiros. Enquanto isso, no DF, ninguem sabe de nada! Será?
Segue o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata-se de um Brasil que a gente não Conhece.
"As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
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"Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução. Pra começar, o mais difícil de se
encontrar por aqui é roraimense. Pra falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável. Tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto, falta uma
identidade com a terra.
"Aqui não existe muitos meios de sobrevivência. Ou
a pessoa é funcionária pública -- e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da Prefeitura é claro.
"Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de programas do governo. Não existe indústria de qualquer tipo.
"Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena. Portanto, restam apenas 30%, descontando-se os rios e as áreas improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
"Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800km)existe um trecho de aproximadamente 200km (reserva indígena Waimiri-Atroari), por onde você só passa entre 6 da manhã e 6 da tarde.
"Nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos), para que os mesmos não sejam incomodados.
"Detalhe: você não passa se for brasileiro. O acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses.
"Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI.
"Mais um detalhe: americanos entram na hora que
quiserem. E se você não tem uma autorização da FUNAI, mas tem dos americanos, então você pode entrar.
"A maioria dos índios fala a língua nativa além do
inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas.
"É comum se encontrar por aqui americanos tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas -- pasmem! --, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí, camu-camu etc, medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar royalts para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da amazônia.
"Por três vezes repeti a seguinte pergunta após ouvir tais relatos:
-- Os mericanos irão acabar tomando a Amazônia?
"E em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes.
"Irei reproduzir a resposta de uma senhora
simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí:
-- Irão não, meu filho. Tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo. Você não
entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí, eles virão pra cá e vão fazer o que fizeram no Iraque, quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra. Aqui vai ser a mesma
coisa.
"A dona é bem informada não?
"O pior é que, segundo a ONU, o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena, o que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas.
"Fiquei sabendo que os americanos já estão
construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil, numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivo de combater o narcotráfico.
"Por falar em narcotráfico, aqui é rota de
distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de
estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês. Isso pode causar um incidente diplomático.
"Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania por cerca de 200 dólares.
"Pergunto inocentemente às pessoas por que os americanos querem tanto proteger os índios? E a resposta é absolutamente a mesma: porque as terras indígenas, além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas e minério e as reservas ao Norte de
Roraima e Amazonas, são ricas em petróleo.
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do Sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade que vá fazer alguma coisa.
"É, pessoal! Saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho".