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Cuiabá MT, 23/11/2024
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Curto&Grosso O que ainda será manchete


CURTO & GROSSO

Inscreva nosso RSSEdição de 26/02/2003

Marcos Antonio Moreira -- fazperereca@yahoo.com.br


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A anunciada ferrovia ligando Confresa -- Vale do Araguaia, Mato Grosso --, ao Porto de Itaqui (MA) já tem nome:

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Transcamaradas...

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Transargi ou...

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...Transmagney.

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Entenda o caso:

É que a tal ferrovia vai ligar a nova fazenda de Bráulio Mággico à velha fazenda de José Sarney, já servida pela Norte-Sul.

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Pura intriga da oposição, claro.

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Falar nisto, os trilhos daquela outra ferrovia privada -- a Ferronorte-americana -- não avançaram um palmo desde que chegaram a Alto Taquari...

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Entenda o caso:

A tal ferrovia privada -- e bota "privada" nisto! -- é movida a dinheiro público.

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Para fazer caixa, Prefeitura da Capital acaba de lançar um “pacote” com cheiro de embrulho.

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O principal objetivo do tal “pacote”, de acordo com o noticiário, é cobrar antigos grandes devedores –- gente que só sabe exigir, "mas não paga o que deve”, segundo o prefeito Roberto França.

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Quem desembarcou na última semana na Capital, quando viu na TV prefeito esbrajevando e soltando fogo pelas ventas, no dia lançamento do tal embrulho, digo, pacote...

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...Certamente imaginou que o sr. Roberto França tomou posse em janeiro deste ano e só agora, concluído levantamento preliminar, constatou o volume do débito desses grandes contribuintes.

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Acontece que o sr. Roberto França está há seis anos e dois meses no cargo -– há 74 meses, portanto –- e se há tamanho volume de crédito acumulado isto acontece por culpa única e exclusiva dele, prefeito...

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...Que manteve no cargo de secretário de Finanças, por igual período, um camarada pra lá de distraído ou incompetente.

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Agora, se não foi por “distração” ou por incompetência e o camarada continua no cargo, só pode ter sido por uma única outra razão:

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Durante todo esse tempo, a ordem era não incomodar os tais “grandes devedores”.

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Entenda o caso:

O exmo. sr. dr. prefeito foi candidato à reeleição em 2000 e, desde 98, candidato putativo ao governo do Estado em 2002 -- com direito a papel passado e tudo mais.

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...E se não cobrou antes essa gente foi para não espantar possíveis colaboradores do -- vamos dizer assim --, “esforço de campanha”.

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Depois da merda feita, a Fundação Universidade Federal de Mato Grosso -- a FUFU -- e uma ONG alemã estão estudando o impacto ambiental da Usina dos Mansos nos pantanais de Santo Antonio de Leverger, Barão de Melgaço e Poconé.

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Como era de se esperar, os primeiros resultados científicos -– todos catastróficos –- são exatamente os mesmos apontados desde que a obra foi projetada, no final dos anos 70.

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É o caso de se perguntar: onde estavam a FUFU e a tal ONG quando os prejuízos poderiam ser evitados?

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Por que a FUFU, enquanto instituição, durante todo este tempo, jamais se posicionou contra a construção da barragem?

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Para quê a tal ONG vai continuar torrando dinheiro por mais três anos para contabilizar os prejuízos à flora e à fauna pantaneiras, quando bastaria ler o que foi escrito antes, durante e depois da construção da usina?

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Sei, não!...

Tenho pra mim que esta história anda pra lá de mal contada.

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Há coisa de dois anos, na companhia de gente da FUFU, o pessoal de uma ONG -– também alemã -– esteve várias vezes na República Popular do Mimoso...

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...Pessoal que não estava nem um pouco preocupado com os reflexos negativos da Usina dos Mansos no Pantanal e, sim, com outra coisa bastante diferente:

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O referido pessoal gastou todo o seu tempo exclusivamente paparicando e especulando o Pai Véio –- que vem a ser o mais respeitado “médico” do lugar...

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...Aquele mesmo do remédio pra dengue e que sabe tudo sobre plantas nativas medicinais.

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Detalhe: a cada viagem, esse pessoal alemão voltava para Cuiabá com uma carga de folhas, raízes e cascas dos variados tipos de plantas...

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É por estas e outras que o princípio ativo do nó-de-cachorro -– o Viagra do Pantanal -- acabou patenteado por um laboratório com sede em São Paulo, mas financiado sabe-se lá por quem...

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Me engana que eu gosto!

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Pátio do Detran está lotado de veículos -– maioria utilitários -– pertencentes a pequenos prestadores de serviço.

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Por conta disto, um contingente nada de desprezível de chefes de família está sem emprego.

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São serralheiros, encanadores, limpadores de piscinas, garapeiros, gente que ficou sem sua principal ferramenta de trabalho, engordando a fila de desempregados, por conta do não pagamento de suspeitíssimas multas eletrônicas...

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São pessoas, ao contrários dos grandões, que jamais conseguiram um empréstimo de dinheiro público na vida, não brigam por cargos em qualquer escalão do governo e só querem trabalhar e produzir em paz, mas que, além de ficar sem o emprego...

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...O governo, via Detran, ainda exige deles o pagamento de uma multa diária de quase 20 reais, a título de “taxa de pátio”, como se todo mundo –- e não apenas os privilegiados -- tivessem acesso fácil, rápido e farto a financiamentos do Banco do Brasil e do BNDES.

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A propósito, não se consegue tirar uma carteira de habilitação hoje por menos de 1.500 reais, tantas são as taxas, tantas são as exigências.

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Resumo da ópera:

CNH virou coisa para filho de bacana ou para “simpatizantes” de um certo (?) LN, que opera milagres nesta área.

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Ora, se o ato de dirigir para filho do bacana representa uma forma de lazer, uma questão de status e, em alguns casos, até uma espécie de licença para matar, para o pobre a CNH é quase um emprego...

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...E deveria ser dada de graça, como o diploma de um curso profissionalizante -– também público e gratuito e não uma reserva de mercado, um cartório entregue a felizardos proprietários de auto-escolas.

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E o megacamarada ainda fala em criar 50 mil empregos...

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...Quando, na verdade, está acabando com o de quem já tem -– exatamente como na Era Dantesca.

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Seria cômico...

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...Não fosse trágico.

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Alguém viu o estratégico Cloves Vettorato por aí?

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Por que submergiu?
Submergiu por quê?

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Pois é...

Tanto fornecedor de opinião, cuja ausência permanente não seria motivo de luto, mas de comemoração...

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Tanto jornalista celular pré-pago, cujo desenlace não seria uma perda, mas um avanço...

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Tanto escrevinhador transgênico, cujo passamento, se alguma coisa representasse, este fato auspicioso só poderia ser classificado como uma assepcia social...

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Pois é...

Tanto ladrão público, tanto féla-da-puta, enfim, que não faria a menor falta...

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...E logo o Pádua!

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Com o falecimento prematuro de Antonio de Pádua, o jornalismo, a cultura e a política de Mato Grosso perderam na madrugada do último sábado seu maior provocador.

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Desde que ele foi submetido à cirurgia, em Patos de Minas e levado para a sua cidade Natal, São Gotardo, em meados de janeiro, sabíamos que não iríamos mais vê-lo, ler suas provocações sempre bem humoradas nem ouvir suas gostosas gargalhadas.

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Diante de seu entusiasmo, de sua certeza de se recuperar e estar de volta em poucos dias, a família decidiu esconder dele a gravidade e a irreversibilidade de seu quadro de saúde.

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A primeira lembrança que tenho do Pádua, foi de um episódio que se passou assim que ele começou a trabalhar na Secretaria de Imprensa da Assembléia Legislativa.

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Deu-se assim o caso:

Algumas lavouras situadas nas áreas de novas fronteiras agrícolas no Chapadão do Parecis e do Nortão estavam sendo dizimadas por ataques de nuvens de gafanhotos, em meados dos anos 80.

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Preocupadíssimo, o então deputado Branco de Barros ocupou a tribuna, falando da gravidade da situação vivida pelos produtores e exigindo a pronta intervenção do governo para acabar logo com a praga, antes que Cuiabá e Várzea Grande – seu reduto eleitoral – fossem atacadas.

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“A manada é grande!”, finalizou o deputado, tentando dar maior dramaticidade ao problema.

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Fiz uma notinha sobre o momentoso “Caso da Manada de Gafanhotos” no Jornal de Bolso e o Pádua teceu, depois, alguns comentários bem-humorados a respeito, nem me recordo em qual jornal diário.

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Veio me procurar – não nos conhecíamos --, querendo saber se era mesmo verdade a história da manada. E revelou que havia sido exonerado da Assembléia, por conta dos comentários que havia feito, com base na informação que tínhamos publicado.

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Pedi para que procurasse o serviço de taquigrafia da AL e solicitasse a transcrição fiel da tal sessão e que procurasse, também, algum outro deputado, porque senão iria ficar sem o emprego.

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Ao que nos consta, ele procurou o deputado Luís Soares – hoje vice-prefeito da Capital.

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Acabou readmitido e também amigo de Branco de Barros, hoje presidente do Tribunal de Contas, que entendeu o espírito da coisa e relevou a brincadeira.

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Desde então, todas as vezes que nos encontrávamos, sempre brincava: “Corre, Pádua, que a manada é grande!” -- e ele ria gostosamente.

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As últimas duas vezes que falei com o Pádua foi durante a campanha eleitoral, ambas por telefone: na primeira, ele ligou para perguntar se poderia mandar para nosso e-mail releases da campanha de Bráulio Mággico.

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Expliquei a ele nossa posição, até porque nosso e-mail anda entupido com outras besteiras e já publicávamos com regularidade as informações de fontes independentes de que dispúnhamos sobre a campanha eleitoral...

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Mas veicularíamos sem nenhum tipo de constrangimento um banner de Maggi ou de qualquer outro candidato, desde que sem aquela inaceitável condição da “operação casada”.

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Não vieram os releases nem o banner – não por culpa do Pádua que, pelo que sei, andou até intercedendo no tocante ao banner, sem sucesso, é claro.

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Trata-se de uma “norma” entre os marqueteiros de campanha em Mato Grosso: anúncio só se reproduzir releases dos candidatos, razão pela qual o Site Bom foi o único que não foi “programado”, vamos dizer assim, por nenhum dos candidatos majoritários...

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A segunda e última vez que nos falamos foi já no final da campanha eleitoral, quando ele novamente ligou, desta vez para interceder por um senhora, a quem nunca vi mais gorda e cujo nome nem me recordo, proprietária de uma de um instituto de pesquisas, segundo ele me disse...

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...E que estava sob risco de ir parar na cadeia, porque antecipamos aqui o resultado de uma pesquisa eleitoral que o instituto dessa senhora havia feito “para consumo interno” da campanha de Maggi e que não poderia ser publicada porque não estava registrada na Justiça Eleitoral.

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Logo depois, a referida senhora ligou, primeiro botando banca, mas depois foi baixando o tom até despencar a chorar copiosamente.

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Acabei tirando a informação do ar, parte pelo choro dela e parte – a maior parte – em atenção ao Pádua, parceiro de primeira hora do Site Bom.

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São estas a primeira e últimas lembranças que guardo do Pádua – a irreverência desprovida de qualquer maldade e a solidariedade.

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