A linha de "defesa" industriada pelo governador de Mato Grosso no rumoroso caso de caixa dois na eleição de 2014 é tão frágil que o procurador José Pedro Gonçalves Taques conseguiria transpor com um pé nas costas.
No comecinho, a "vítima" fazia pouco: dizia que a acusação partia de um elemento opositor com o malévolo propósito de prejudicá-lo politicamente, como se, quem dera!, houvera a figura do inimigo cordial.
O vice, Carlos Fávaro -- quié cacique de um --, atribuiu a "grupos políticos" a tentativa de "tirar vantagem dos acontecimentos (sic)", ou seja, já dá a entender que o acontecido... aconteceu.
A bateção de cabeça é tanta que o secretariado agora promove manifestação espontânea de apoio, com direito a ampla cobertura da concorrência e a registro em destaque na SeCão.
Chefãozinho, chefete e aspones não se deram conta ainda que lugar de se defender é no forum ou na delegacia, não em palácio, valendo-se de equipamentos e da máquina pública.
Pior. Busca-se vender a ilusão de que se a coisa terminar em impicha será o pior dos mundos para o Estado, quando os prejudicados serão somente eles, que perderão cargos e mordomias.
O temor no Paiaguás é que o caldo engrosse, se o Gaeco adotar o mesmo procedimento da Operação Lava Jato, isto é, quando acaba, começa de tudo de novo, pois uma delação puxa a outra.
Não é o remédio -- a esta altura, apenas um placebo -- nem exatamente uma novidade, pelo "menas" para o nosso e-leitorado: é PTX deixar o cargo e rezar duro e colocado para que não haja intercorrência.
Nosso neo-Guia Genial passou outrora por algo bastante parecido: pediu demissão do Ministério Público Federal, um empregão, quando bastava uma simples licença, e se lançou candidato ao Senado em 2010.
Desta vez, também não há necessidade de sair, porém, assim como aquele gesto corajoso lhe rendeu simpatia e votos -- veja aqui e aqui, óh! -- agora se dá o inverso: ficar denota medo e velhacaria.
Daí a forma com que se comporta ao perceber que o pooovo -- aquela massa inerte, mas que tem alma e nunca erra -- "querem" vê-lo hoje pelas costas, e que a sua reação nada deve à do jacu de tapera.
Náum é à toa o novo apelido.
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Comentário de Eder Sampaio Correa (edersc@terra.com.br) Em 27/12/2016, 17h38
Outra percepção da realidade
Havendo mesmo o caixa 2, Pedro Taques tem mesmo de responder na Justiça e cumprir pena. Sua equipe de Governo e arco de aliança também não ajudam em nada à pretensa aura de santo (?) alardeada aos quatro ventos.
Claro e evidente é o rancor por parte da Imprensa e Funcionalismo estaduais com este Governo, e cito dois prováveis motivos: houve sacolejo na distribuição da verba publicitária, desagradando uns ditos poucos e bons, e a austeridade de Pedro Taques em relação à folha de pagamento, objeto de farra por parte de Silval Barbosa, cuja conta está sendo cobrada a partir deste ano.
O cidadão comum, aquele que não é funcionário público, este está adorando esse freio nas contas do Estado. Basta consultar as ruas, patrões e empregados não vinculados do Serviço Público: percebe-se até uma admiração exagerada, tendo Taques como alguém até corajoso em peitar o Funcionalismo estadual. E obviamente há aí uma dose de publicidade do Governo.
Presidente edita MP para entregar 280 mil títulos de domínio até o fim de 2018; propriedade será paga em 10 anos e poderá ser comercializada após o período.
Na terça 17 de janeiro começa o julgamento do ex-presidente de El Salvador Mauricio Funes. Acusado de corrupção, ele foi intimado na véspera do Natal na Nicarágua, onde vive em autoexílio. O processo inclui sua ex-mulher, Vanda, e um de seus filhos, Diego.
Funes chegou ao poder em 2009 pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, nascida da fusão de cinco organizações guerrilheiras que protagonizaram a guerra civil de El Salvador, no final do século passado.
Vanda Pignato, ex-primeira-dama, é brasileira, antiga militante do PT. Ela garantiu o apoio do governo Lula ao marido desde a campanha eleitoral, paga pelo grupo Odebrecht, cujos contratos somaram US$ 50 milhões no mandato de Funes.
Desde a semana passada, ele e outros 14 líderes políticos nas Américas e na África estão no centro das investigações em seus países sobre propinas pagas pela empreiteira brasileira.
Jejuno em piscicultura, tomo como verdadeira a afirmação que faço no título deste artigo, reproduzindo um velho ditado espanhol.
Quem o inventou certamente queria dizer algo sobre o comportamento das sociedades e de suas elites dirigentes em tempos de crise.
Sugeriu, com efeito, que as instituições públicas e os agentes diretos do drama político perdem a capacidade de apreender os problemas com que se defrontam e seus possíveis desdobramentos numa perspectiva de conjunto e no longo prazo.
Tal ditado, no entanto, por instigante que seja, contém um defeito crucial.
Quanto eu saiba, não ver a água jamais causou dano sério a algum peixe ou cardume.