Todo o material já está em uma sala, no terceiro andar do prédio principal do Supremo Tribunal Federal, à qual somente terão acesso, além do ministro-relator da Lava Jato, assessores e juízes da equipe.
Senado aprovou projeto de lei que assegura o cumprimento do teto constitucional para os salários no serviço público.
O texto, que agora será analisado pela Câmara dos Deputados, determina que os rendimentos recebidos por funcionários não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos ministros do Supremo Tribunal Federal, atualmente no valor de R$ 33,7 mil.
Trata-se de situação no mínimo pitoresca – a necessidade de uma lei para garantir que a Constituição Federal seja respeitada.
Mesmo quem conseguiu sobreviver no mundo do trabalho está sofrendo para conseguir pagar as contas em dia e garantir o sustento da família.
Agora, não dá para negar que, ao menos em um aspecto, a crise trouxe um benefício palpável, cujos desdobramentos deverão se estender pelos próximos anos.
Sobre os escombros deixados pelo tsunami que atingiu o País, decorrente dos equívocos cometidos pela política econômica implementada nos governos petistas, uma nova ordem, com maior valorização da iniciativa privada, da livre concorrência e das soluções de mercado, poderá emergir.
O capitalismo de Estado, ancorado na gastança do dinheiro dos pagadores de impostos, sob o argumento de que beneficiava os mais pobres, tornou-se o seu próprio algoz.
Está ficando cada vez mais raro na vida pública brasileira, nos dias que correm, encontrar quem esteja disposto a fazer a coisa certa apenas porque é a coisa certa – mesmo quando a moral, os bons costumes e a lógica deixam claro que é a única coisa a ser feita.
O que importa acima de tudo, hoje em dia, é fazer a coisa que dá certo; não é necessariamente um pecado, mas é diferente.
Nem é tão importante assim, na verdade, fazer o que dá certo. Mais que tudo, o que vale é não fazer nada que possa dar errado.
Desde setembro de 2014, quando o juiz Sérgio Moro homologou a primeira delação premiada da Operação Lava Jato, a de Luccas Pace Júnior, assessor da doleira Nelma Kodama, todas as delações vêm a público, algumas até antes de serem oficializadas, protagonizando o escândalo da semana.
Nesse período, 70 réus viraram delatores, e outros quase 100, entre eles os 77 executivos da Odebrecht, começaram a falar.
E, fora a estranha anulação do pré-acordo de Léo Pinheiro, da OAS -- peça-chave para a investigação dos casos envolvendo o ex-presidente Lula --, as delações têm sido utilíssimas para desbaratar as teias de corrupção que capturaram o Estado brasileiro.
Indiciado pela Polícia Federal, denunciado pelo Ministério Público Federal ou já transformado em réu de um total de cinco casos graves de corrupção, o ex-presidente Lula está sujeito a sentenças condenatórias entre 31 e 124 anos de cadeia.
Um fato há que reconhecer: tanto o presidente da República quanto o líder da oposição, mesmo vivendo no meio de toda essa sujeira que tanto nos assusta, mantêm intacta sua pureza.
Lula conviveu dezenas de anos com José Dirceu, Delúbio, Marcelo Odebrecht, todos já condenados por corrupção, e proclama que é inocente, aliás nem sabia de nada; Temer presidiu o PMDB de Eduardo Cunha por quinze anos, teve convívio próximo com os seis ministros que se afastaram por problemas judiciais, admite ter recebido um empresário do ramo de doações ilícitas (que, na delação premiada, citou seu nome como captador de recursos) mas garante que não tratou disso com ele. É inocente, diz. Não mexia com essas coisas.
É bonito saber que o ambiente depravado em que circularam com tanto êxito, sem saber que era depravado, não afetou sua inocência.