Bovespa fecha em alta de 0,29% e acumula ganho de 6,6% em setembro 30/09/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os dados positivos da economia americana, até melhores do que o esperado, não impediram que as principais Bolsas de Valores encerrassem o dia no campo negativo. A exceção foi a brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que operou em queda durante boa parte do dia, recuperando terreno somente na última hora do pregão. E a taxa de câmbio, apesar das novas intervenções do Banco Central, rompeu o piso de R$ 1,70 pela primeira vez em dois anos.
No mês, a Bolsa acumulou valorização de 6,58%, enquanto o dólar cedeu 3,7% no mesmo período.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,29%, aos 69.429 pontos, o patamar mais alto desde 23 de abril. O giro financeiro foi de R$ 7,8 bilhões, número bem acimada média do mês (R$ 6,5 bilhões/dia). Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,44% no encerramento das operações. Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em queda de 0,37%, enquanto o mercado de Frankfurt teve perda de 0,28%.
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Para analistas, a maioria dos investidores optou por realizar lucros (vender ações muito valorizadas para embolsar os ganhos) após um mês favorável para os mercados de ações. A Bovespa seguiu esse mesmo caminho durante a maior parte do dia. Perto do fechamento, ordens de compra sobre ações de empresas baseadas em commodities ajudaram o índice a ir para o campo positivo.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,692, a menor taxa em dois anos. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,702 e R$ 1,692. O Banco Central realizou dois leilões para compra de moeda, o primeiro após as 11h (hora de Brasília) e o segundo, perto das 16h.
Para Felipe Brandão, especialista em mercados emergentes da corretora Icap Brasil, o mercado pode testar nos próximos dias a que níveis a taxa de câmbio pode chegar, já que, por enquanto, as medidas oficiais não ultrapassaram a barreira da artilharia verbal.
"[No entanto] o rompimento hoje [do piso de R$ 1,70] ocorre num dia muito atipico. Temos que aguardar os próximos dias e ver o que o Banco Central pode fazer', ressalva.
Entre as principais notícias do dia, o Bureau of Economic Analysis informou que o crescimento econômico dos EUA no segundo trimestre foi revisado para cima: em vez um aumento de 1,6%, o escritório de estatísticas apontou um incremento de 1,7%. A variação ficou acima das expectativas do mercado financeiro (1,6%).
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho apontou uma contração na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego. O montante de pedidos iniciais caiu para 453 mil até a semana passada. A queda foi mais acentuada do que muitos bancos e corretoras previam (consenso em torno de 460 mil).
E a agência de classificação de risco Moody's rebaixou sua avaliação sobre a nota da Espanha, de 'AAA' para 'Aa1', ainda dentro da classificação 'grau de investimento', reservada para os países com menor chance de calote.
No front doméstico, o Banco Central divulgou suas projeções mais atualizadas para a economia, mostrando que já conta com uma inflação um pouco menor para este ano (5%, em vez de 5,4%, medido pelo IPCA). Já a projeção de crescimento do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos em um país em um determinado período) foi mantida em 7,3%.