Ricardo Teixeira aumenta sua presença no Senado 06/10/2010
- Eduardo Ohata e Bernardo Itri - Folha de S.Paulo
Em meio aos preparativos para a Copa do Mundo-14, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, ganhou força política no Senado após o resultado das urnas de domingo.
O cartola viu aumentar sua influência nas articulações políticas em Brasília após a eleição de dois de seus principais aliados e a reeleição de outros três para o Senado.
Teixeira assistiu a seu amigo pessoal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) chegar ao Senado, ao lado de outro antigo aliado, o deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI).
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Além desses dois, reelegeram-se Delcídio Amaral (PT-MS), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gilvam Borges (PMDB-AP), políticos com o histórico de amizade com o presidente da CBF e do comitê organizador da Copa-14.
"O que for preciso para melhorar as relações institucionais e para não criar problemas nós vamos fazer", argumenta Nogueira, sobre as atividades do Senado em relação ao esporte e à Copa-14.
A Fifa apresentou ao país uma série de exigências para a organização do Mundial. Elas forçarão mudanças na legislação atual e incluem questões que envolvem os mais variados assuntos, que vão desde os impostos, passando pela lei trabalhista, até chegar aos royalties.
"Já existe um consenso no Senado em apoiar a Copa do Mundo de 2014. Agora, com a chegada deles [Aécio Neves e Ciro Nogueira], as questões relacionadas ao Mundial deverão fluir com mais facilidade", comenta o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
Um dos históricos opositores de Ricardo Teixeira no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR) realizou leitura diferente à do fortalecimento da "bancada da bola" na casa.
"Não vejo uma grande alteração na composição do Senado a favor da CBF. E ela sempre realizou um trabalho de relações públicas no Legislativo", argumenta Dias.
''Tem dois novos senadores [simpáticos à CBF] aí, vamos ver seu desempenho. Mas o Senado tem capacidade de reação. Veja o resultado da CPI do Futebol. Vamos continuar cuidando da transparência da Copa de 2014."
Na Câmara dos Deputados, não conseguiu a reeleição o deputado Silvio Torres (PSDB-SP), tradicional opositor de Ricardo Teixeira.
"Eu era o contraponto [à CBF]. Com minha ausência, não sei se alguém assume esse tom mais crítico. Os deputados eleitos agora eu não conheço. Mas, dos que já estão, não tem ninguém tão focado nessa questão do esporte."
Dois históricos aliados de Teixeira permanecerão na Câmara: José Rocha e Gilmar Machado. Um terceiro, Wellington Salgado, suplente de Hélio Costa como senador, não conseguiu a eleição para deputado federal por Minas.