Bovespa sobe 1,27% no fechamento, em dia de alta da Petrobras; dólar vale R$ 1,66 08/10/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os números frustrantes do mercado de trabalho americano, os indicadores mais esperados deste ano, não foram suficientes para derrubar as Bolsas de Valores no encerramento da semana. A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) valorizou, em sintonia com os mercados de Wall Street, antecipando um início favorável da temporada de balanços corporativos (do terceiro trimestre).
A taxa de câmbio, apesar das intervenções sucessivas do governo, recuou para seus menores níveis em mais de dois anos, estabelecendo um novo piso para a cotação, de R$ 1,66. Agentes financeiros já comentam que o dólar pode atingir R$ 1,65 já na semana que vem.
As ações da Petrobras, que contribuíram para derrubar a Bolsa brasileira, tiveram um dia de "trégua" hoje. Para analistas, houve apenas uma correção técnica, após uma sequência de três dias de fortes quedas nos preços desses papéis.
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O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa, subiu 1,27% no fechamento, aos 70.808 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,75 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,53% no encerramento das operações.
A ação preferencial da estatal petrolífera subiu 2,76% no pregão de hoje, enquanto a ação ordinária valorizou 2,43%. Somados, os negócios realizados com os dois ativos atingiram cerca de R$ 1 bilhão, o que chamou a atenção dos analistas, já que foi praticamente do giro registrado nas rodadas anteriores.
"Eu vejo um mercado bastante receoso a respeito de Petrobras, com 'medos políticos', inclusive, sobre a empresa. Mas o que aconteceu nesta semana é muitos bancos, que não se manifestaram sobre a companhia por causa do 'período de silêncio', começaram a soltar relatórios apontando algumas preocupações com os indicadores financeiros da empresa", comenta Tiago Machado, assessor da Geral Investimentos.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,667, em queda de 1,12%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,693 e R$ 1,666. "O ministro [Guido Mantega] tem feito a lição de casa. O problema é que a enxurrada de dólares é muito grande. E acho que a tributação da renda fixa, nesta semana, mostrou que o dólar não está entrando somente por esse caminho. Há muita exportação também, além de investimento direto', comenta Glauber Romano, economista da Intercam Corretora.
PAYROLL
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA revelou que a economia local perdeu 95 mil empregos (entre contratações e fechamento de vagas) em setembro. A taxa de desemprego ficou estável em 9,6%. Economistas do setor financeiro esperavam uma perda muito menor, em torno de 10 mil.
Ainda nos EUA, outro relatório oficial informou que o nível dos estoques no setor atacadista aumentou 0,8% em agosto, acima das expectativas do mercado (consenso em torno de 0,5%). A recomposição dos estoques é usualmente interpretado como um sinal de recuperação da economia, já que no auge da crise mundial, as empresas esvaziaram seus 'armazéns' para fazer caixa.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o nível de emprego no setor industrial teve sua oitava expansão consecutiva (0,1%), no mês de agosto. Em relação a igual período em 2009, houve alta de 5,2%.
E a FGV (Fundação Getulio Vargas) registrou uma inflação de 1,1% em setembro, a mesma variação de agosto, pela leitura do índice IGP-DI. No acumulado do ano, a variação foi de 8,04%; nos últimos 12 meses, 7,95%.