Com alta de 1,4% na semana, Bovespa se aproxima de patamar histórico 15/10/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia volátil, finalizando o pregão de sexta-feira com um ganho somente modesto. A agenda econômica do dia foi intensa, principalmente nos EUA, onde o titular do banco central reforçou as expectativas por uma nova rodada de estímulos à economia. Mas o que pesou mesmo foi a cautela, já que a semana que vem promete ser intensa. Entre outros eventos previstos para o período, o Copom, comitê que decide a taxa básica de juros do país, volta a se reunir na semana que vem.
O "termômetro" da Bolsa, o índice Ibovespa, subiu apenas 0,19%, acumulando ganho de 1,44% na semana. Foi suficiente, porém, para jogar o nível de preços --na marca dos 72.830 pontos-- para seu patamar mais alto desde 2 de junho de 2008. Vale a lembrança de que, poucos dias antes (20 de maio), a Bolsa havia atingido o seu preço recorde: 73.516 pontos.
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, retrocedeu 0,29% no encerramento das operações. Já o índice S&P 500, mais abrangente, valorizou 0,20%.
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"A agenda da semana que vem deixou os investidores bastante receosos. Nós temos vencimento de opções [sobre ações] na segunda-feira, a reunião do Copom, além da temporada de resultados corporativos nos Estados Unidos. Acredito também que o mercado está em dúvida. O Ibovespa está perto dos 72 mil pontos, e não se sabe se é o momento de uma boa realização [venda de ações para embolsar os ganhos] ou se vai continuar a subir", comenta Cristiano Lemos, profissional da mesa de operações da Corval Corretora.
O dólar comercial foi trocado por R$ 1,666, em alta de 0,18%. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,666 e R$ 1,652.
Há um consenso bastante forte entre os analistas do setor financeiro de que o Copom não deve mexer na taxa básica de juros na semana que vem. A taxa Selic deve continuar estável, mas somente até o final deste ano.
"Com a inflação corrente novamente pressionada e a produção industrial reacelerando, as expectativas de inflação, que já se encontram acima da meta, devem subir ainda mais, pressionando o Banco Central por uma nova rodada de alta dos juros", avalia Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra, que espera um aumento da taxa Selic ainda no primeiro trimestre de 2011.
EUA
Entre as notícias mais importantes do dia, o presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA), Ben Bernanke, reafirmou a disposição das autoridades econômicas em fornecer mais estímulos à economia, ao ressaltar as taxas ainda altas de desemprego, bem como a inflação baixa. "Parece... haver espaço para mais ação", disse ele, em comentários preparados para conferência da divisão regional do Fed em Boston.
Hoje, a agência de estatísticas do governo americano reportou uma inflação de 0,1% em setembro ante 0,3% em agosto, pela leitura do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês). Analistas esperavam uma variação de 0,2%. E ontem, o PPI (índice de preços no atacado) mostrou variação de 0,4% em setembro, acima das expectativas do setor financeiro (consenso em 0,2%).
Ainda nos EUA, o Departamento de Comércio indicou as vendas do setor varejista tiveram um crescimento de 0,6% em setembro, na comparação com o desempenho de agosto. Analistas contavam com um incremento de 0,4%.
E a pesquisa da Universidade de Michigan apontou queda no nível de confiança do consumidor americano na economia de seu país. O índice elaborado a partir dessa pesquisa teve uma leitura de 67,9 pontos em outubro, ante 68,2 no mês anterior. Economistas do setor financeiro projetavam uma resultado em torno dos 68,5 pontos. O número ainda é preliminar.
No front corporativo, a General Eletric anunciou um lucro de US$ 3,16 bilhões no terceiro trimestre, ante US$ 2,54 bilhões um ano antes.