Bovespa fecha com decréscimo de 0,13%, descolada de mercados externos 18/10/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) oscilou no campo negativo durante boa parte da sessão desta segunda-feira. Mesmo algumas ordens de compra disparadas nos minutos finais do pregão não evitaram a queda do índice Ibovespa, num nível de preços visto como decisivo por muitos analistas. O investidor doméstico pouco acompanhou a jornada de ganhos das Bolsas americanas e optou pela cautela.
O mercado brasileiro operou sob expectativa da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), e um tom acima em termos de volatilidade, devido ao vencimento de opções (derivativos financeiros).
O Ibovespa retrocedeu 0,13%, para os 71.735 pontos. Profissionais do setor financeiro ressaltam que o patamar de 72 mil pode ser uma "barreira" difícil de romper.
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O giro financeiro foi bastante alto, de R$ 11,846 bilhões, mas inflado pelo vencimento de opções sobre ações (R$ 4,87 bilhões). Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta de 0,73% no encerramento das operações
Opções são contratos que negociam direitos de compra ou de venda sobre um ativo. O dia do vencimento é justamente a data em que o titular desse contrato deve exercer (ou não) o direito negociado nesses contratos.
No vencimento deste mês, as opções para compra de Vale PN foram os contratos mais negociados. A opção para comprar a ação preferencial da mineradora por R$ 41,53 teve giro de R$ 696,2 milhões; para a ação PN por R$ 45,53, outros R$ 548,5 milhões; e para a ação PN por R$ 43,53, mais R$ 484,1 milhões.
Hoje, a ação preferencial da companhia foi negociada por R$ 49,10, um acréscimo de 2,76% sobre a cotação da semana passada. Somente esse papel movimentou R$ 1,10 bilhão no expediente de hoje. A empresa reportou um aumento de 24% na produção de minério de ferro.
"O nível dos 72 mil pontos é realmente um teste muito grande para o mercado. Mas esse patamar somente será rompido com dinheiro novo. Quer dizer, até houve entrada de capital estrangeiro, mas creio que uma boa parte foi para renda fixa, mesmo com o aumento do IOF", comenta Waldney Trindade, operador da corretora Uniletra, ressalvando ser "preocupante" que as especulações de mercado estejam tão concentrados em poucos ativos (as ações da Vale).
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,666, mantendo a taxa de fechamento de sexta-feira. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,678 e R$ 1,659.
Entre as primeiras notícias do dia, o departamento de estatísticas do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) revelou que a produção industrial desse país teve queda de 0,2% em setembro, após um aumento de 0,2% em agosto. Economistas acreditavam que essa taxa de crescimento seria mantida nesse mês. A grande contribuição para a queda na produção industrial de setembro foi sentida no setor de autopeças (-0,2%) e veículos utilitários (-1,9%).
O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, mostrou que boa parte dos economistas do setor financeiro (bancos e corretoras) revisou para cima suas projeções para a inflação deste ano --o IPCA projetado passou de 5,15% para 5,20%. No entanto, esses especialistas ainda mantiveram a expectativa de que a taxa básica de juros do país vai terminar o ano em 10,75% ao ano.
Já a previsão para o dólar apresentou queda, passando de R$ 1,75 na semana passada para R$ 1,70 nesta semana.
O Copom inicia nesta terça-feira (19) a reunião de dois dias para determinar a nova taxa básica de juros do país. A grande maioria dos economistas avalia que a taxa de juros atual (10,75% ao ano) deve ser mantida.
A FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou inflação de 1,15% em outubro, ante 1,12% em setembro, pela leitura do IGP-10. Economistas esperavam uma variação de 1,03%.
E o governo informou que a balança comercial teve deficit de US$ 265 milhões na terceira semana deste mês, reduzindo o saldo positivo acumulado neste mês para US$ 1,412 bilhão. No mês passado, o superavit pouco superior a US$ 1 bilhão.
No front corporativo, o grupo financeiro americano Citigroup reportou lucro líquido de US$ 2,2 bilhões no terceiro trimestre, ou US$ 0,07 por ação, ante um prejuízo de US$ 3,2 bilhões, ou US$ 0,27 por ação, um ano antes.