Em terceiro dia perdas, Bovespa recua 1,07% no fechamento 21/10/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendou seu terceiro dia de baixa, na rodada de negócios desta quinta-feira. Fortes perdas nas ações da Vale e da Petrobras, que concentraram quase 40% do giro financeiro de hoje. As Bolsas americanas tiveram um dia volátil, oscilando entre altas e baixas, e encerraram o dia com ganhos somente modestos.
O Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, retrocedeu 1,07% no fechamento, aos 69.652 pontos. O volume financeiro foi de R$ 7,33 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,35% no encerramento das operações.
A ação preferencial da Petrobras, que foi alvo de R$ 1 bilhão em negócios, desvalorizou 3,32%. A ação ordinária sofreu perdas de 2,98%. Já a ação preferencial da Vale, com giro de R$ 928 milhões, teve queda de 1,96%.
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No pior momento do dia, a Bolsa chegou a afundar 2%, num possível efeito do nervosismo do mercado em relação a novas altas do IOF. Há tempos operadores e analistas discutem a possibilidade do governo voltar suas baterias da renda fixa para a renda variável, com foco nos estrangeiros. O problema é que os chamados investidores "não-residentes" respondem por cerca de um terço dos negócios da Bolsa. É o capital estrangeiro, portanto, um dos principais combustíveis para a recuperação da Bolsa.
No meio da tarde, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, negou que o governo estude aumentar a taxação sobre renda variável, citando o ministro Guido Mantega (Fazenda).
"Creio que a realização de hoje teve muito a ver com fatores internos. Mas tudo indica que esse nervosismo pode ter diminuído, porque depois do pior momento, o mercado até melhorou um pouco. A questão é que dólar abaixo de R$ 1,70 é realmente preocupante e hoje de manhã, chegou a bater R$ 1,67", comenta Mitsuko Kaduoka, analista da Indusval Corretora.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,702, tendo sua mais forte alta (1,61%) desde o início de maio. A taxa de risco-país marca 185 pontos, número 0,53% abaixo da pontuação anterior.
Entre as primeiras notícias do dia, o governo chinês reportou um crescimento de 9,6% no terceiro trimestre deste ano, ante um incremento de 10,3% no trimestre anterior. A taxa ficou ligeiramente acima das expectativas consensuais dos analistas.
Já a produção industrial teve expansão de 13,3%, a menor taxa em 13 meses, e abaixo das projeções do mercado. A inflação bateu 3,6% em setembro (base anual). Trata-se da maior variação em 23 meses, mas dentro das previsões do setor financeiro.
Nos EUA, o Departamento de Trabalho apontou um recuo na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego: foram registrados 452 pedidos iniciais até a semana passada, ante 475 mil no período imediatamente anterior. O mercado estimava uma cifra em torno de 453 mil.
Ainda nesse país, a consultoria Conference Board divulgou pesquisa onde projeta um crescimento lento da economia até, pelo menos, os primeiros meses de 2011. O Índice de Indicadores Antecedentes, um compósito de indicadores econômicos, teve um crescimento de 0,3% em setembro, batendo as expectativas do mercado.
Ainda no front externo, uma sondagem privada (instituto Markit) indicou um arrefecimento do nível de atividade no setor de serviços, considerando os países da zona do euro.
BRASIL
O IBGE anunciou hoje a taxa de desemprego do país, que ficou em 6,2% no mês de setembro, ante 6,7% em agosto. O índice é o menor registrado na série histórica, iniciada em março de 2002.
Na comparação com setembro de 2009, houve queda de 1,5 ponto percentual --a taxa havia ficado em 7,7% naquele mês.
O Ministério da Previdência informou um deficit de R$ 9,2 bilhões, valor 68,8% maior do que o rombo de agosto. Trata-se do maior 'rombo' da Previdência desde o setembro de 2009, quando o saldo negativo atingiu R$ 9,6 bilhões.
Ontem à noite, o Banco Central confirmou as expectativas e manteve a taxa básica de juros do país em 10,75% ao ano. Com apenas mais uma reunião marcada para dezembro, analistas não acreditam que a autoridade monetária deve mexer nos juros neste ano.