Bovespa recua 0,24% no fechamento; dólar crava R$ 1,72, maior valor em um mês 27/10/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os mercados tiveram um dia mais pessimista na rodada de negócios desta quarta-feira. Ganhou força a tese de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) não deve conceder um dose mais forte de estímulos à economia americana, como muitos contavam, devido às dificuldades políticas. A autoridade monetária desse país tem uma reunião prevista para semana que vem. No cenário doméstico, muitos temem que o governo anuncie novas medidas para conter a desvalorização cambial, logo que encerrado o período eleitoral.
Diante desse quadro de indefinições, o investidor ficou mais avesso a risco, o que não favorece aplicações em Bolsa, enquanto o dólar subiu, o comportamento típico dos momentos de maior nervosismo.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 0,24%, aos 70.568 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,13 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve perdas de 0,39% no encerramento das operações.
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Mais uma vez, as ações da Petrobras evitaram uma queda ainda maior. Dando continuidade à valorização vista ontem, os papéis da petrolífera registraram ganhos de 1,3% (preferenciais) e 1,2% (ordinárias). Somados, os dois ativos movimentaram cerca de R$ 1,7 bilhão em negócios.
As ações da Vale, que divulga seu balanço do trimestre nas próximas horas, sofreram queda de 1%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,722, em alta de 0,93%, batendo seu maior preço em um mês. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,726 e R$ 1,703.
"Eu acho que, tão cedo, não veremos o dólar a R$ 1,60. Para mim, a nova faixa de oscilação deve ser entre R$ 1,70 e R$ 1,75. Nos últimos meses do ano, o mercado é de 'saída': temos remessa de dividendos, pagamentos de dívida, entre outros", comentou Reginaldo Galhardo, diretor da Treviso Corretora.
Entre as notícias importantes do dia, o escritório de estatísticas do governo americano (U.S. Census Bureau) reportou um aumento de 3,3% nos pedidos de bens duráveis em setembro, após uma contração de 1,3% em agosto. O desempenho ficou acima das expectativas do mercado (projeção de 2%).
O mesmo órgão ainda anunciou um aumento de 6,6% nas vendas de imóveis novos em setembro, mas 21,5% abaixo do desempenho registrado no mesmo mês em 2009. A taxa de expansão esperada para o mês, na visão de economistas, era de 4,4%.
No front doméstico, a pesquisa Seade/Dieese apontou taxa de desemprego de 11,4% em setembro, 11,9% do mês anterior. O percentual é o menor dessa série, que começou em janeiro do ano passado, com a inclusão de Fortaleza entre os locais pesquisados.
EMPRESAS
O Bradesco anunciou um lucro líquido de R$ 2,527 bilhões no terceiro trimestre deste ano, em um aumento de quase 40% sobre os resultados de um ano antes. Trata-se do maior lucro já registrado por um banco brasileiro, de capital aberto, no período.
A ação preferencial desse banco, negociada hoje por R$ 35,25, desvalorizou 4,47%, enquanto os papéis dos rivais Itaú e Banco do Brasil perderam somente 2,02% e 0,73%, respectivamente.
"Mantemos nossa visão positiva para o banco com preço justo de R$ 41,25 por ação. Entretanto, acreditamos que o mercado já havia precificado ao longo do mês de outubro os resultados ora apresentados", comentou o analista da Planner Corretora, Vitor L.F. Martins, em relatório sobre o balanço.
Já a Net, maior operadora de TV por assinatura do Brasil, informou um lucro líquido de R$ 72 milhões para o terceiro trimestre, cifra 76% abaixo dos resultados registrados no mesmo período de 2009. Devido à operação da Embratel, que recolheu a maior parte das ações dessa empresa da Bolsa, os papéis da Net estão praticamente sem liquidez no pregão.
Nos EUA, a gigante do setor de bens de consumo Procter&Gamble revelou um lucro líquido na casa dos US$ 3 bilhões para o primeiro trimestre de seu ano fiscal, acima das expectativas do setor financeiro.
E o banco espanhol BBVA contabilizou um lucro líquido de 1,14 bilhão de euros (US$ 1,57 bilhão) no terceiro trimestre, em um redução de 17,4% sobre o ganho apurado um ano antes.
Ainda hoje, Vale e Redecard devem divulgar seus resultados.