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DIA A DIA

Pecuaristas unem-se para vender carne no varejo
03/11/2010 - Fernanda Yoneya - O Estado de S.Paulo

Um grupo de 20 pecuaristas da região de Campo Grande (MS) se uniu para formar uma cooperativa e vender carne diretamente para o varejo. O objetivo da iniciativa é agregar valor ao produto e diminuir a dependência dos produtores em relação à indústria frigorífica. Hoje, segundo a Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), o Estado possui 36 indústrias "sifadas" – que possuem o Selo de Inspeção Federal (SIF) –, mas 15 não estão operando. A capacidade de abate do Estado é de 18 mil cabeças de gado por dia e Campo Grande concentra metade dessa capacidade.

"Hoje, com a cotação da arroba em alta, o produtor consegue cobrir o custo de produção, mas, na média histórica, isso não ocorre", diz o pecuarista José Lemos Monteiro, que coordena a Comissão de Pecuária de Corte da Famasul. Conforme estimativas do Sindicato Rural de Campo Grande, a margem bruta de lucro da indústria chega a 20% e a do varejo, a 120%. "Não se sabe exatamente qual é o lucro da indústria e do varejo, mas sabemos que a remuneração do criador não cobre os custos de produção."

Varejo


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A cooperativa deve começar a operar no início de 2011. "Queremos aprender a vender carne. Vamos começar com 4 mil, 5 mil animais e cada cooperado deverá fornecer pelo menos 200 cabeças de gado por ano, em entregas com intervalo máximo de 70 dias. A ideia é que cada produtor se comprometa a fazer pelo menos cinco vendas por ano", explica Monteiro. O abate dos animais será feito por um frigorífico prestador de serviço – que será pago com dinheiro da cooperativa – e a carne será vendida para varejistas e abastecerá casas de carne próprias. "A meta é, em um ano, trabalhar com 5 mil cabeças e duas casas de carne", prevê Monteiro. Segundo ele, a venda de animais diretamente para a indústria deixa o produtor muito vulnerável. "Como negociar preços sem conhecer a escala de abate? Cada dia que passa a ideia de cooperativa torna-se mais necessária para o pecuarista reduzir prejuízos."

Embora tenha foco diferente do da cooperativa de Campo Grande, o grupo Conexão Delta G, de Araçatuba (SP), fomenta, por meio da troca de melhoramento genético, a cadeia produtiva. Fundada em 1986, a Delta G reúne 38 pecuaristas de todo o País e plantel de 500 mil animais. "Somos uma entidade sem fins lucrativos, diferentemente de uma cooperativa, mas, em grupo, difundimos tecnologia para aumentar a produtividade na fazenda, o que também traz ganhos para o pecuarista, que pode obter melhor remuneração na indústria ao fornecer um produto de qualidade", diz o executivo do grupo, Daniel Biluca. O trabalho feito pelo grupo, segundo ele, também atrai o interesse de frigoríficos que querem animais padronizados e de qualidade diferenciada. "Temos foco em eficiência de produção, o que é interessante para o mercado."

Defasagem

Com experiência no ramo de cooperativismo pecuário, o criador Euvaldo Foroni presidiu a Cooperativa Rondoniense de Carne Ltda. (Cooperocarne), que não opera mais desde 2008. A cooperativa foi fundada em 2003, em Pimenta Bueno (RO). Tinha frigorífico próprio – a capacidade de abate era de 700 animais/dia –, 540 cooperados e plantel de 500 mil animais. A decisão de formá-la foi dos criadores. "No Estado havia necessidade de abater 1,8 milhão de animais/ano, mas a capacidade de abate instalada era de 1,3 milhão de cabeças. Dois frigoríficos abatiam 80% do rebanho e o criador recebia até 20% menos do que em Mato Grosso. Havia muita defasagem de preços."

Com a fundação da Cooperocarne, a capacidade de abate do Estado aumentou, mas outras indústrias também investiram em novas plantas. "No início operamos sem prejuízo, mas depois as outras indústrias passaram a pagar mais pela arroba e muitos associados deixaram de entregar animais na cooperativa", diz Foroni.

"Faltou espírito cooperativista. O pecuarista tem de aprender a pensar a longo prazo e que é melhor deixar de ganhar mais sozinho e enfrentar dificuldades futuras em grupo." Hoje, 50% da capacidade de abate do Estado concentra-se nas mãos de um grande grupo.

Conseboi harmonizaria a relação criador e indústria

Outra iniciativa da cadeia produtiva da carne é a criação do Conseboi, nos moldes do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana). "O Conseboi reuniria pecuaristas e representantes da indústria frigorífica e atuaria como um harmonizador de preços. O conselho tornaria a relação produtor-indústria transparente", acredita José Lemos Monteiro, da Famasul. "A ideia seria criá-lo por meio da Câmara Setorial de Bovinos de Corte de Mato Grosso do Sul, mas o debate ainda é embrionário."

Oriundo do setor de cana, o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Eduardo Biagi, acredita que uma saída para o entendimento no setor de carnes seria mesmo a criação de um conselho nos moldes do Consecana. "Antes do Consecana, o produtor de cana recebia pelo peso; hoje, recebe pelo teor de açúcar, o que é bom para todas as partes. No caso do boi é a mesma coisa. O pecuarista tem de receber por qualidade e isso só é possível com a definição de critérios técnicos."

Antes de se falar em Conseboi, é preciso mudar a mentalidade dos pecuaristas, diz a consultora Silvia Morales de Queiroz Caleman. "Os pecuaristas são muito autônomos, mas precisam aprender a trabalhar em parceria, um com o outro. Isso se chama coordenação horizontal, que são iniciativas de associação entre os mesmos elos de uma cadeia", explica. Para ela, o Conseboi é interessante, mas poderá se consolidar só a longo prazo. "Um dos princípios do conselho é que as partes abram as planilhas de custo e isso é pouco provável que ocorra."

Interação. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, o desgaste da relação entre pecuarista e indústria é resultado da falta de interação da cadeia produtiva. "A cadeia não é composta só por produtor e indústria. Tem o setor de insumos, tem o varejo. Essa interação é essencial para termos uma cadeia sadia."

Sobre a criação do Conseboi, Camardelli garante que a indústria tem interesse em participar. "Iniciativas que têm por objetivo harmonizar a cadeia são muito bem-vindas."

O professor da Esalq/USP Sergio De Zen informa que, hoje, cinco grandes grupos detêm pelo menos 30% do mercado de carne no País. "Esses grupos são s que possuem o Selo de Inspeção Federal (SIF). Se considerarmos os selos de inspeção estadual e municipal, esse número se dilui."

Para De Zen, que é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), uma maneira de o criador se proteger das oscilações e da concentração do mercado é lançar mão de mecanismos como o mercado futuro. "Nesse tipo de ferramenta, o produtor de carne está bastante evoluído, tanto que a bolsa tem batido recordes", diz o pesquisador, lembrando que em pregão na semana passada o mercado de boi gordo registrou recorde, com 23.613 contratos negociados, entre futuros e opções. "O pecuarista pode travar preços com o frigorífico, no chamado contrato a termo", explica. O pecuarista José Lemos Monteiro concorda. "É uma ferramenta interessante, desde que o pecuarista tenha todos os custos na ponta do lápis."

De Zen diz, ainda, que tecnicamente o conceito do Conseboi é contestável, porque a carne apresenta dispersão gigantesca de preços e de tamanho de cortes. "No caso da cana, o Consecana funciona muito bem porque todas as commodities que a compõem têm critérios e preços bem definidos. Na carne há vários preços para vários produtos diferentes."

  

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