Cautela do investidor faz Bovespa fechar em queda de 1,3%, abaixo dos 72 mil pontos 09/11/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que oscilou sem tendência durante boa parte da jornada de hoje, aprofundou as perdas nas últimas horas. Operadores atribuíram a queda repentina ao provável vazamento de um anúncio do Banco Central ainda nesta terça-feira. Na dúvida sobre o teor das novas medidas, os investidores optaram por vender ativos. No front externo, as Bolsas americanas, que encerram suas operações mais tarde, também operaram "no vermelho".
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, cedeu 1,35%, aos 71.679 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,80 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York opera com perdas de 0,56%.
"É possível que uma parcela do mercado tenha repercutido algum vazamento do Banco Central. Por outro lado, nós temos que lembrar que a Bolsa já teve uns cinco pregões de alta e isso sempre vira motivo para alguma realização [venda de ações mais valorizadas] de curto prazo", comenta Waldney Trindade, da mesa de operações da Uniletra Corretora.
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O dólar comercial foi cotado por R$ 1,699, mantendo o valor do fechamento de ontem. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,702 e R$ 1,691.
O índice oficial de preços, o IPCA, foi o maior destaque da agenda econômica doméstica de hoje. O mercado projetava uma variação de 0,70% para o mês de outubro, ante 0,45% em setembro, a maior taxa desde abril (0,57%). Segundo o IBGE, a inflação foi de 0,75% no mês passado. É a maior taxa desde fevereiro passado (0,78%) e a mais elevada para meses de outubro desde 2002, quando havia sido de 1,31%.
No front externo, o ONS (Escritório Nacional de Estatísticas) informou que o deficit comercial britânico teve leve queda em setembro na comparação com agosto, a 8,2 bilhões de libras (US$ 13,2 bilhões).
E o governo chinês anunciou a adoção de medidas para conter o fluxo de capital estrangeiro, no que foi interpretado como uma reação de Pequim ao plano do banco central americano para injetar US$ 600 bilhões na economia local.
Muitos acreditam que parte desses recursos deve ser canalizada para economias emergentes. Analistas interpretaram a medida como uma sinalização de que Pequim está disposto a elevar os juros básicos do país antes do que muitos previam.
O Departamento de Comércio dos EUA anunciou que o nível de estoques do setor atacadista subiu pelo nono mês consecutivo em setembro, com uma variação de 1,5%, acima das expectativas do mercado financeiro (0,7%).
A Grécia conseguiu captar US$ 544 milhões no mercado financeiro, por meio da emissão de títulos do governo, numa demanda que superou as expectativas. Os juros pagos aos investidores (4,82%), porém, ficaram acima da emissão anterior (4,54%).
Economistas estão preocupados com os países europeus que portam as finanças mais fragilizadas, como a nação mediterrânea, já que na semana que vem há o vencimento de dívidas em montante expressivo.
Investidores e analistas também devem nesta monitorar nesta semana a reunião de cúpula do G20 (grupo dos países mais ricos), na quinta e na sexta-feira, à espera de uma solução conjunta para a chamada "guerra cambial". E na madrugada de quinta-feira, o governo chinês revela os números da produção industrial, vendas do varejo e inflação, na madrugada de quinta.