Bovespa fecha estável com menor apetite por risco do investidor 10/11/2010
- Folha Online
A espera pelos eventos mais importantes da semana contribuiu para reduzir o apetite por risco dos investidores. E a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o pregão desta quarta-feira praticamente "no zero a zero", com oscilações muito modestas de alguns de seus principais papéis.
Amanhã, a China, uma das maiores forças da economia mundial, apresenta números fundamentais sobre a indústria e o varejo. O mercado está de olho no gigante asiático, com o temor de que Pequim lance mão de novas medidas para conter o crescimento e restringir pressões inflacionárias.
Como pano de fundo, há a reunião do G20 (grupo dos países mais ricos), que começa amanhã, e pode causar alguma volatilidade nos negócios, conforme o clima político desse encontro de cúpula. A controversa "guerra cambial" deve pautar as discussões.
PUBLICIDADE
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 0,06% no fechamento, aos 71.638 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,30 bilhões. Nos EUA, as principais Bolsas ainda não encerraram seus negócios --o índice Dow Jones cede 0,04%.
"Os dados da produção industrial chinesa, as vendas de varejo, todos são números chamativos, que podem influenciar o rumo dos negócios amanhã", comenta Pedro Machado, profissional da mesa de operações da corretora Corval. "Além disso, há muita expectativa dos investidores em torno das ações da Vale, que estão sendo negociadas em torno de R$ 50, que é um patamar de preço muito importante", acrescenta.
A ação preferencial da mineradora teve alta de 0,33%, sendo negociada por R$ 49,85, movimentando R$ 778 milhões em negócios. Outro importante papel da Bolsa, a ação preferencial da Petrobras, foi trocada por R$ 27,13, com um modesto ganho de 0,03%.
O destaque do dia ficou por conta das ações do banco PanAmericano, que desabaram 29,54%, negociada por R$ 4,77%. O papel, que usualmente não conta com mais de R$ 1 milhão em negócios, teve um forte volume financeiro de R$ 162,9 milhões hoje. Ontem à noite, a instituição anunciou que o principal acionista deve fazer um aporte de R$ 2,5 bilhões para cobrir "inconsistências contábeis", além da troca da diretoria.
Analistas de bancos e corretoras advertiram que as perspectivas para o papel estavam sob revisão.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,711, em alta de 0,70%, atingindo a maior taxa deste mês. A taxa de risco-país marca 171 pontos, número 0,6% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA registrou a terceira redução consecutiva na demanda pelo auxílio-desemprego. A redução de 24 mil registros no total de pedidos iniciais foi mais intensa do que economistas do setor financeiro estimavam (2 mil).
Ainda nos EUA, o governo informou que a balança comercial teve um deficit de US$ 44 bilhões em setembro, o que representa uma leve queda ante os US$ 46,5 bilhões de agosto (dado revisado). O resultado surpreendeu o mercado financeiro, que estimava um deficit de US$ 45 bilhões.
Autoridades chinesas reportaram que o superavit comercial do país (exportações menos importações) aumentou 60,5% em outubro, alcançando US$ 27,1 bilhões neste período. Enquanto as exportações somaram US$ 135,98 bilhões, num crescimento de 23%, as importações totalizaram US$ 108,83 bilhões, em aumento de 25,3%.
Pequim ainda anunciou a elevação do depósito compulsório de seus maiores bancos, em uma nova medida para conter o fluxo de capital para o país e pressiona os preços dos ativos. O banco BNP Paribas, em nota aos clientes, afirmou que essas instituições devem separar a taxa recorde de 18% de suas reservas.
BRASIL
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que a produção industrial do país contraiu em nove de 14 regiões no mês de setembro, na comparação com agosto. Em média, houve uma queda de 0,2%. No comparativo com setembro do ano passado, a atividade industrial avançou 6,3%.
A inflação medida pelo IGP-DI teve alta de 1,03% em outubro, ante 1,10% em setembro, divulgou hoje a FGV. Economistas do setor financeiro estimavam uma variação de 0,88% para o período.
EMPRESAS
A operadora de celular Vivo registrou aumento de 80,9%, para R$ 601,8 milhões, no lucro líquido do terceiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2009. A base de clientes da operadora chegou a 57,7 milhões de acessos, ante os 55,9 milhões do segundo trimestre. Assim, a Vivo manteve o seu market share em 30,14% do mercado nacional. A ação preferencial valorizou 3,08% no pregão de hoje.