Bovespa fecha em alta de 0,16% e acumula ganho de 0,75% na semana 19/11/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) quase chegou a apagar o ganho acumulado em 2010 com as perdas do início desta semana. Mas uma sequência de três pregões consecutivos de ganhos ajudou a trazer o índice Ibovespa de volta ao patamar dos 70 mil pontos, com uma alta moderada de 0,75% sobre a sexta passada. Mas no mês, a valorização é ainda modesta: 0,32%.
Hoje, o índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,16% no fechamento, aos 70.897 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,04 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda não encerrou suas operações -- o índice Dow Jones tem leve alta de X%.
Os investidores iniciaram a semana temeroso em relação ao imbróglio da Irlanda, país europeu às voltas com um severo deficit público, mas que relutava em receber ajuda financeira (e se submeter às exigências) da União Europeia.
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Desde ontem, o mercado pode respirar um pouco mais aliviado com o "sinal verde" das autoridades irlandesas, em processo de negociação de um socorro financeiro que pode chegar à casa dos 100 bilhões de euros -- essa quantia pode ser matéria de especulação nos próximos dias.
A China assustou um pouco os mercados hoje, ao elevar novamente as taxas de recolhimento compulsório sobre os depósitos bancários --uma medida clássica pra retirar dinheiro de circulação, conter o aquecimento da economia e enfrentar pressões inflacionárias. Pela manhã, houve uma reação bastante negativa às novas medidas, mas que se dissipou ao longo da tarde.
O estrategista-chefe da Futura Investimentos, Adriano Moreno, salienta que os bons resultados da oferta pública da General Motors, divulgados ontem, passaram um sinal bastante positivo para os mercados. "Acho, inclusive, que essa foi a principal notícia econômica de ontem. Para mim, nós devemos continuar a ver esse processo de melhora na percepção do risco por parte dos investidores ainda pelos próximos dias", avalia.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,719, em um acréscimo de 0,17% sobre o fechamento de ontem. A taxa de risco-país marca de 175 pontos, cifra 0,56% abaixo da pontuação anterior.
A taxa de câmbio doméstica encerrou a semana acumulando uma leve queda de 0,3%, mas ainda acima do patamar de R$ 1,70.
"O importante é que o dólar parou de despencar [nesta semana] e está oscilando conforme as informações lá de fora. Acho que nesse patamar [acima de R$ 1,70], o Banco Central tende a ficar 'assistindo' e deixa o mercado seguir em frente', avalia Marcos Trabold, da mesa de operações da B&T Corretora.
Entre as notícias mais importantes do dia, o banco central chinês advertiu que vai elevar o nível do recolhimento compulsório dos bancos, pela segunda vez em duas semanas, para a taxa recorde de 18% dos depósitos bancários. Trata-se da quinta medida anunciada somente neste ano por Pequim para combater pressões inflacionárias. A última estimativa de inflação dos preços ao consumidor mostrou a maior taxa dos últimos dois anos.
Ainda no front externo, o presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, defendeu o plano de US$ 600 bilhões para estimular a economia recentemente anunciado, e que foi alvo de críticas, tanto de autoridades estrangeiras quanto de especialistas domésticos. Ele afirmou que, para garantir as 'bases econômicas' que 'sustentam a recuperação do dólar', são preciso medidas para reconduzir um 'crescimento sólido', sem inflação, dos EUA.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) registrou uma inflação de 1,2% em novembro pela leitura do IGP-M, em sua segunda estimativa do mês. Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 10%, percentual inferior ao registrado no ano (10,29%).
E o Ministério do Trabalho informou que o país teve uma geração de 205 mil empregos formais (já descontadas as demissões) no mês de outubro. Em dez meses, o total de vagas criadas chega a 2,40 milhões. O melhor resultado anterior em período equivalente, de 2,147 milhões de empregos com carteira assinada, havia sido apurado em 2008.