Bovespa recua 3,7% na semana e anula ganhos no mês e em 2010 26/11/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve uma semana volátil, em que os ganhos acumulados neste ano (e também neste mês) foram apagados. A Europa ainda continua no foco das preocupações de investidores. Depois da Irlanda, muitos especulam se Portugal ou Espanha não serão as próximos candidatos a receber socorro financeiro da União Europeia.
Em novembro, a Bolsa desvalorizou 3,4% e no ano, de 0,53%.
As repetidas manifestações de autoridades portuguesas e espanholas de que seus respectivos países não precisam de resgate pouco acalmaram os mercados, lembrando "o script" já visto no caso da Irlanda.
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O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, perdeu 1,68% no fechamento, aos 68.226 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,42 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 6,4 bilhões/dia). Nos EUA, por conta da "Black Friday" (início da temporada de vendas de final de ano), a Bolsa de Nova York encerrou o expediente mais cedo, em queda de 0,85%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,728, em alta de 0,34%. A taxa de risco-país marca 180 pontos, número 2,27% acima da pontuação anterior.
"Os fatores que fizeram a Bolsa cair na semana passada e nesta semana foram praticamente os mesmos. É o temor de um aperto monetário na China, a preocupação com a Irlanda e o risco de um contágio dessa crise para Espanha e Portugal. E na semana que vem, os relatórios ADP e 'payroll' vão ser mais 'lenha' para a volatilidade dos mercados", comenta Renato Bandeira de Mello, gerente de renda variável da corretora Futura.
Na quarta-feira, a consultoria privada ADP revela sua estimativa da abertura de vagas no setor privado nos EUA. Investidores e analistas consideram com atenção esse número, porque é visto como uma estimativa prévia do fundamental "payroll", o relatório do governo sobre emprego no país, previsto para sexta. O mercado de trabalho é um dos pontos mais sensíveis na recuperação da economia dos EUA e números relativos a esse tema costumam afetar o rumo dos negócios.
Em um dia de poucos indicadores relevantes na agenda econômica, ganha importância ainda maior o monitoramento dos assuntos 'de fundo' no cenário mundial, a exemplo da escalada de tensão nas Coreias e, principalmente, os desdobramentos da crise europeia.
Após Grécia e Irlanda serem alvos de pacotes de auxílio financeiro, os mercados especular qual deve ser a próxima 'bola da vez', olhando para Portugal e Espanha.
Autoridades portuguesas já declararam que o país rejeita as pressões de alguns membros da União Europeia para também aderir a um programa de auxílio financeiro. E na Espanha, o primeiro-ministro Jose Zapatero, rejeitou 'absolutamente' um eventual 'resgate' pelo bloco econômico.
O mercado, no entanto, tem manifestado desconfianças sobre a capacidade desses países cumprirem seus compromissos financeiros. Hoje, a diferença entre os rendimentos oferecidos em títulos da dívida espanhola e alemã ficou num patamar recorde. Em outros termos, os habituais compradores desses ativos estão cobrando um retorno cada vez mais alto porque consideram que o risco de embolsar esses títulos ficou mais alto.