Em rodada de poucos negócios, Bovespa cede 0,31% no fechamento 06/12/2010
- Folha Online
O investidor mostrou pouca disposição para se arriscar na Bolsa de Valores, à falta de notícias mais fortes do front mundial nesta segunda-feira. O giro de negócios foi fraco, concentrado nas ações das empresas baseadas em commodities, como Petrobras, Vale e algumas siderúrgicas.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, cedeu 0,31% no fechamento, aos 69.551 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,6 bilhões, bem abaixo da média (R$ 6,5 bilhões/dia) de novembro. Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda não encerrou suas operações -- o índice Dow Jones tem leve alta de 0,01%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,682, em baixa de 0,29%. A taxa de risco-país marca 173 pontos, número 2,97% acima da pontuação anterior.
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A cotação da moeda americana emendou hoje seu sexto dia consecutivo de desvalorização. "Mantemos a avaliação de que os recentes períodos de valorização do dólar frente ao real são transitórios e refletem o aumento da aversão internacional ao risco (...) as duas principais forças que pressionam pela desvalorização do dólar/valorização do real continuam em curso (a saber, a gigantesca injeção de liquidez na economia dos EUA como parte da estratégia de recuperação adotada pelo Fed [o banco central], e o diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo)', avaliou a equipe de analistas da corretora Concórdia, em comentário sobre o boletim Focus, divulgado hoje.
Entre as poucas notícias de importância de hoje, o boletim Focus (elaborado pelo Banco Central) mostrou que os economistas do setor financeiro voltaram a elevar a previsão para a inflação oficial, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), neste ano pela 12ª semana consecutiva, passando de 5,72% para 5,78%. Para 2011, permaneceu em 5,20%.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) declarou hoje que o governo prepara um pacote para reduzir custos e que deve adiar obras do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento). Segundo ele, esse pacote será anunciado em breve. Em suas linhas gerais, o prometido "pacote" atende às principais "reivindicações" do setor financeiro --analistas têm reiteradamente criticado a União por elevar os gastos.
O mercado deve operar nesta semana sob expectativa da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que anuncia depois de amanhã a nova taxa básica de juros do país (hoje em 10,75% ao ano). Uma minoria dos economistas do setor financeiro acredita num ajuste da chamada 'Selic', e a maioria aposta na manutenção das taxas no patamar atual.
EUA E EUROPA
Após a "pancada" de sexta-feira, quando o mercado teve que digerir um relatório "payroll" (geração de empregos nos EUA) bastante frustrante, os mercados tiveram um dia de relativa tranquilidade na economia mundial, isto é, sem notícias mais fortes sobre as principais fontes de preocupação: a combalida economia dos EUA, a complicada crise europeia e a expectativa por novos "apertos" na política econômica chinesa.
"Olhando a frente, nós notamos que a crise da dívida soberana da Europeia foi mais adiada do que resolvida. E que o governo chinês, neste momento, inclina-se mais por políticas 'prudenciais' do que acomodatícias", sintetiza James Zhang, analista do setor de commodities, do americano Standard Bank, em relatório distribuído hoje.
No final de semana, durante entrevista na TV, o presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, admitiu que pode ampliar o 'quantitative easing' (injeção de recursos no sistema financeiro), de acordo com as condições da economia.
E os ministros de Finanças dos países pertencentes à zona do euro começaram uma reunião hoje, em meio a discussões sobre um possível aumento do fundo de 750 bilhões de euros (US$ 1 trilhão), criado para resgatar países da região que estejam em dificuldades financeiras, e que já socorreu Grécia e Irlanda. Mesmo com o apoio do Banco Central Europeu e do FMI, não há unanimidade em torno desse ponto entre os participantes do encontro.
A ministra espanhola Elena Salgado tem reiterado que seu país, às voltas com um alto deficit público e elevado desemprego, não necessita de ajuda do bloco e que, portanto, o aumento dos recursos alocados nesse fundo não são necessários.