Sem sustentar recuperação, Bovespa repete perdas de ontem 07/12/2010
- Folha Online
O mercado brasileiro de ações não foi capaz de manter o viés de alta registrado no início das operações, encerrando o pregão desta terça-feira no terreno negativo. As ações de empresas baseadas em commodities, que ontem sustentaram a Bolsa brasileira, caíram com força nesta rodada, bem perto do encerramento das operações. No mercado internacional, as cotações das matérias-primas alcançaram seus preços máximos em dois anos e cederam.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, retrocedeu 0,31%, aos 69.337 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda opera --o índice Dow Jones tem ganho de 0,11%.
As ações da Petrobras se destacaram no rol das perdas do dia, desvalorizando em torno de 2%, movimentando mais de R$ 800 milhões. Hoje, o barril de petróleo chegou a bater a casa dos US$ 90, nível de preços visto em setembro de 2008, mas retrocedeu para US$ 88,50 no final do dia.
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Para os analistas da Lerosa Investimentos, o investidor tem se mostrado pouco disposto a tomar risco neste mês de dezembro, sem contar com o histórico "rali" de ordens de compra que historicamente acontece no final de ano. E notam a ausência de um fluxo mais significativo de capital estrangeiro para reforçar uma tendência de Bolsa, que tem "patinado" nas últimas semana, sem conseguir superar a barreira dos 70 mil pontos.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,682, mantendo a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 163 pontos, número 6,3% abaixo da pontuação anterior.
Entre as notícias mais importantes do dia, analistas mencionaram o acordo político nos EUA para estender os cortes de impostos realizado ainda na gestão anterior. Essa medida, no entendimento de alguns analistas, tende a estimular o consumo.
Os ministros de Finanças da União Europeia aprovaram o plano de ajuda financeira, orçado em 85 bilhões de euros (cerca de US$ 113 bilhões), à Irlanda. O parlamento irlandês ainda deve examinar a proposta de austeridade fiscal, que prevê cortes de 15 bilhões de euros nos gastos públicos pelos próximos quatro anos.
Ainda no front externo, um jornal oficial chinês advertiu que o muito aguardado aumento de juros básicos no país pode acontecer nos próximos dias. Há meses Pequim tem adotado medidas 'acomodatícias' para combater pressões inflacionárias, restringindo a circulação de dinheiro pela economia. Mas o governo advertiu que deve passar para a fase de medidas 'prudenciais', isto é, o aperto da política monetária.
O gigante asiático é um dos maiores importadores globais de commodities e das grandes forças da economia mundial. Os mercados têm reagido com nervosismo à possibilidade da China refrear seu crescimento, principalmente num momento em que as economias da Europa e dos EUA ainda claudicam.
O Federal Reserve (o banco central dos EUA) apresenta os números sobre concessão de crédito nesse país, no final desta tarde (18h, hora de Brasília).
No front doméstico, o IBGE reportou que a produção industrial ficou maior em quatro das 14 regiões pesquisadas em outubro, na comparação com setembro. Na média nacional, a indústria apresentou aumento de 0,4% na mesma base de comparação.
JUROS
O mercado deve operar nesta semana sob expectativa da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que anuncia amanhã a nova taxa básica de juros do país (hoje em 10,75% ao ano). Uma minoria dos economistas do setor financeiro acredita num ajuste (para cima) da chamada 'Selic', e a maioria aposta na manutenção das taxas no patamar atual.
O consenso de mercado, no entanto, aponta que o início do ciclo de alta desses juros deve começar em janeiro, provavelmente com um aumento de 0,5 ponto percentual.