Bovespa emenda terceiro dia de perdas, em queda de 1,68% no fechamento 08/12/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações operou em tom mais negativo que as demais Bolsas de Valores na rodada desta quarta-feira. Além de perspectiva de um aumentos dos juros no país, investidores também temem que a China, grande importadora de matérias-primas brasileiras, siga pelo mesmo caminho.
Para a Bolsa brasileira, o aperto monetário chinês terá não poucos efeitos. Algumas das ações mais negociadas no pregão doméstico são justamente de grandes empresas exportadoras para o gigante asiático, tendo por exemplo o principal a mineradora Vale.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, caiu 1,68%, aos 68.174 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,58 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda não encerrou suas operações --o índice Dow Jones tem leve queda de 0,01%.
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As ações da Vale foram o grande destaque negativo do dia. Os papéis da mineradora desvalorizaram 1,89%, para R$ 49,25. O volume financeiro desse ativo disparou: R$ 994,97 milhões, quase o dobro dos negócios registrados com o segundo papel mais movimentado da Bovespa -- ação preferencial da Petrobras (R$ 541,66 milhões).
Sem esgotar as explicações para esse volume excepcional, uma das hipóteses é a listagem da ação brasileira na Bolsa de Hong Kong. "Eu já esperava que o volume dessa ação fosse aumentar um pouco. Esse papel também é negociado também na Bolsa de Nova York e no mercado europeu, o que sempre motiva operações de arbitragem, para tirar vantagens das diferença de câmbio. Como entrou agora no mercado de Hong Kong, isso pode ter atraído mais operações desse tipo, por parte de outros investidores", comenta Max Bueno, analista da corretora Spinelli.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,693, em alta de 0,65%. A taxa de risco-país mantém a marca de 163 pontos.
Entre as notícias mais importantes do dia, o IBGE apontou uma inflação de 0,83% em novembro, ante 0,75% em outubro, pela leitura do IPCA, índice utilizado para o regime de metas do governo. Trata-se do maior índice mensal desde abril de 2005 (0,87%). Nos últimos 12 meses encerrados em novembro, o IPCA acumula alta de 5,63%, acima da meta deste ano (4,5%).
No front externo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) deve examinar nesta sexta-feira um pedido de empréstimo à Irlanda, no montante de US$ 22,5 bilhões. O governo desse país conseguiu aprovar, em uma votação preliminar no parlamento nacional, a proposta de cortes nos gastos públicos e aumentos nos impostos, estimada em 6 bilhões de euros (US$ 7,98 bilhões).
A aprovação dessa proposta é uma das condições para que a Irlanda tenha acesso ao pacote de socorro financeiro acertado com a União Europeia.
Ontem à noite, o Federal Reserve (banco central dos EUA) revelou que a concessão de crédito aumentou pelo segundo mês consecutivo em outubro. A elevação de 1,7% relação a setembro é o maior incremento mensal desde julho de 2008, segundo agências internacionais.
JUROS
O Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia hoje, após o encerramento das operações, a nova taxa básica de juros do país. A grande maioria dos economistas do setor financeiro aposta na manutenção dos 10,75% ao ano, e prevê um aumento somente para o início de 2011. O comunicado oficial de hoje, e ata a ser publicada na semana que vem, portanto, devem ser alvo de atenção cerrada dos analistas para calibrar essas expectativas.