Bovespa emenda quarto dia de baixa; ações de bancos puxam perdas do dia 09/12/2010
- Folha Online
As ações do setor financeiro contribuíram para que a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendasse o seu quarto dia consecutivo de perdas, na rodada desta quinta-feira. Além do cardápio habitual de preocupações com a Irlanda (que teve seu "rating" rebaixado) e a China (que pode elevar os juros), a ênfase do governo brasileiro em conter a concessão de crédito pode ter afetado os negócios.
O Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, teve perdas de 0,43% no fechamento, recuando para os 67.879 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,16 bilhões. Nos EUA, onde a Bolsa de Nova York ainda não encerrou suas operações, o índice Jones cai 0,05%.
Ontem à noite, o Banco Central enfatizou as medidas para contenção de crédito ao explicar (em um comunicado curto) sua decisão de manter a taxa básica de juros em 10,75% ao ano.
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E no pregão de hoje foram justamente os papéis do setor financeiro que mais "sofreram". A ação de Itaú-Unibanco desvalorizou 1,38%, enquanto a ação do rivais Bradesco e Banco do Brasil cederam 0,94% e 1,3%, respectivamente. As quedas foram extensivas ao setor elétrico (sensível ao consumo doméstico), onde alguns dos papéis mais negociados registraram baixas entre 0,8% e 2,3%.
O rebaixamento do "rating" soberano da Irlanda, pela agência Fitch, alimentou o nervosismo dos investidores. Mas a China também não sai do radar: nas mesas de operações comentava-se a possibilidade de Pequim elevar os juros já neste final de semana.
"Já está se falando sobre a alta dos juros na China há uma semana, pelo menos. Acho que quando ocorrer, até pode ter um impacto no mercado, mas talvez não tanto assim. Acredito que boa parte dos investidores já 'precificou' isso", comenta José Antônio Mattos, da mesa de operações da corretora Amaril Franklin.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,709, em alta de 0,94%. A taxa de risco-país marca 165 pontos, número 0,60% acima da pontuação anterior.
Entre as notícias mais importantes do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA reportou que o montante das solicitações iniciais de seguro-desemprego encolheu entre as duas semanas anteriores, para um total de 421 mil pedidos. O enxugamento de 17 mil registros foi ainda maior do que o esperado por economistas do setor financeiro, que esperavam uma retração de apenas 13 mil.
Mais cedo, o governo japonês revelou que a economia do país cresceu 4,5% no terceiro trimestre (taxa anualizada), ante 3, 9% do trimestre passado, por conta de investimentos mais elevados no setor privado.
BRASIL
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou um crescimento de 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre, frente aos três meses imediatamente anteriores. O número confirma a desaceleração da economia, que cresceu 2,3% no primeiro trimestre e 1,8% no segundo.
A expansão desse mês, no entanto, ainda foi superior às projeções de muitos economistas, que estimavam um incremento entre 0,35% e 0,40% para esse período.
E a FGV (Fundação Getúlio Vargas) registrou uma inflação de 1,58% em novembro, ante 1,03% em outubro, pela leitura do IGP-DI. Analistas do mercado previam uma variação em torno de 1,45%.