Bovespa fecha em queda de 0,55%, abaixo dos 69 mil pontos 14/12/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) seguiu na contramão de sua principal referência externa, as Bolsas americanas, e encerrou os negócios no campo negativo. Há poucos dias do final deste ano, profissionais de mercado avaliam que o investidor tende a ser mais cauteloso, com pouco apetite por risco. A perspectiva de um aperto monetário, tanto na China quanto no Brasil no início do próximo ano, também não estimula a procura por ações.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 0,55% no fechamento, para os 68.742 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,31 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 5,9 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda opera, e registra avanço de 0,24%.
"Não houve nenhuma notícia mais forte que justifique essa queda de hoje, que pode ser explicada por um movimento de realização de lucros por parte do investidor", comenta Leandro Martins, economista da corretora Walpires. Ele chama a atenção para os papéis da Vale (as ações preferenciais), que atingiram o preço de R$ 51 (o mais alto em mais de dois anos) logo pela manhã, o que fez as ordens de venda dispararem. No final do pregão, o ativo desvalorizou 0,37%, sendo negociado por R$ 50,73.
PUBLICIDADE
As ações da Vale, em geral, são os papéis mais negociados da Bolsa brasileira, junto com os ativos da Petrobras, que também sofreram perdas hoje. A ação preferencial cedeu 0,30%, sendo negociado por R$ 25,83. Segundo profissionais do mercado financeiro, investidores têm se desfeito desse papel logo que ele encosta na marca de R$ 27 (preço aproximado na oferta de capitalização).
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,695, em baixa de 0,35%. A taxa de risco-país marca 160 pontos, número 4,76% abaixo da pontuação anterior.
Entre as notícias mais importantes do dia, o Banco Central americano reforçou que a recuperação da economia, mas que é ainda insuficiente para reduzir as taxas de desemprego. A autoridade monetária americana não confirmou as expectativas acelerar o seu programa para compra de títulos públicos, mas manteve as taxas básicas de juros entre zero e 0,25% ao ano, como esperado.
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho reportou uma taxa de inflação acima das expectativas para o mês de novembro --0,8%-- após uma variação de 0,4% em outubro. Economistas do setor financeiro projetavam uma taxa em torno de 0,5%. Outro órgão americano, o Departamento de Comércio, informou um avanço de 0,8% nas vendas do setor varejista em novembro, acima das projeções de 0,6% do mercado financeiro.
Autoridades da China advertiram hoje que o país vai elevar sua meta de inflação para 2011, de 3% para 4%, reforçando as expectativas de que o governo desista de medidas mais drásticas de política monetária. Segundo Zhang Ping, diretor da poderosa agência chinesa de planejamento, o país também deve estabelecer uma meta de crescimento de 8% para o PIB nesse ano. Para muitos analistas, no entanto, é mais provável que o gigante asiático cresça a uma taxa de 9% no ano que vem.
A agência de estatísticas do bloco europeu, a Eurostat, reportou que a atividade industrial da zona do euro teve uma expansão de 0,7% em outubro. Na comparação com outubro do ano passado, a alta foi de 6,9%.
E no front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que as vendas do setor varejista cresceram 0,4% em outubro, pelo sexto mês consecutivo. Em relação a outubro de 2009, houve alta de 8,8% --a menor variação desde novembro de 2009.