Bovespa perde 0,74% no fechamento, com números desfavoráveis de economia dos EUA 07/01/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os números frustrantes do mercado de trabalho americano afetaram as Bolsas de Valores, e serviram de justificativa para que os investidores disparassem ordens de venda ao longo de todo o pregão desta sexta-feira.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, recuou 0,74% no fechamento, aos 70.057 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,24 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, perde 0,27%, próximo ao encerramento das operações
"A geração de empregos [nos EUA] realmente foi muito fraca, bem abaixo das expectativas. Mas acho que hoje ainda houve algum reflexo do 'compulsório' de ontem, porque as ações dos bancos caíram bastante", comenta Mitsuko Kaduoka, analista da Indusval Corretora.
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Embora a perspectiva de juros mais altos (como visto hoje no mercado futuro), rotineiramente favoreça os papéis do setor bancário na Bolsa, as ações dos maiores bancos estiveram entre as maiores perdas do dia --considerando somente o rol das ações que compõem o índice Ibovespa.
A ação preferencial do Banco do Brasil cedeu 2,36%, enquanto as ações do Itaú-Unibanco e do Bradesco desvalorizaram 2,44% e 1,69%, respectivamente.
A nova norma do Banco Central obriga os bancos a recolherem o equivalente a uma parcela das operações financeiras em que "apostam" na desvalorização cambial. A regra, que deve ser cumprida num prazo de 90 dias, afeta o capital disponível das instituições financeiras.
E um dia após essas medidas, o dólar comercial voltou a cair, embora de maneira modesta: a taxa de câmbio cedeu para R$ 1,686, o que representa um recuo de 0,11% sobre o fechamento de ontem.
A taxa de risco-país marca 168 pontos, número 3% acima da pontuação anterior.
EUA E INFLAÇÃO
Entre as notícias mais importantes do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA reportou que a taxa de desemprego do país bateu 9,4% em dezembro, a menor deste ano, também ficando abaixo dos 9,7% esperados pelo mercado.
Por outro lado, a criação de vagas (o saldo entre contratações e demissões) foi menos robusta do que muitos economistas esperavam: segundo o órgão do governo americano, foram abertos 103 mil postos de trabalho no mês passado, enquanto as projeções apontavam entre 135 mil e 150 mil.
O presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, ajudou a esfriar os ânimos ainda mais, ao sinalizar as dificuldades para a recuperação do emprego.
"Provavelmente será preciso um tempo maior para que este indicador [a taxa de desemprego] retorne aos níveis mais normais", disse ele, durante uma audiência no Congresso americano.
No Brasil, o IPCA apontou inflação de 0,63% em dezembro, ante 0,83% em novembro. Economistas do setor financeiro estimavam uma variação de 0,59% para o período. A taxa acumulada no ano de 2010 bateu em 5,91%, maior variação desde 2004 e patamar superior ao centro da meta do governo de 4,5%.
E na Europa, o escritório de estatísticas Eurostat revelou que a taxa de desemprego entre os países da região manteve em 10,1% no mês de novembro, patamar mais alto de sua história (início em 1999).
O mesmo órgão informou que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) da região no terceiro trimestre foi revisado para baixo: em vez de 0,4%, foi de 0,3%. A economia alemã, a maior do velho continente, apresentou forte desaceleração: no lugar dos 2,3% estimados anteriormente, a Eurostat indicou um crescimento de 0,7%.