Teresópolis (RJ) decreta estado de calamidade pública; 80 morrem na região serrana 12/01/2011
- Folha Online
O prefeito de Teresópolis, na região serrana do Rio, Jorge Mário Sedlacek (PT), assinou nesta quarta-feira o decreto de estado de calamidade pública no município em razão das fortes chuvas que atingem a cidade desde terça-feira (11). Balanço divulgado pela prefeitura na tarde de hoje aponta que 71 pessoas já morreram na cidade. No total, são 80 mortes na região serrana -- 7 em Nova Friburgo e 2 em Petrópolis.
A Defesa Civil de Teresópolis diz que, em 24 horas, choveu mais do que o esperado para todo o mês de janeiro --140 milímetros de chuva. O órgão registrou alagamentos, quedas de barreiras e interdições de diversas áreas da cidade.
Os bairros mais atingidos foram os de Poço dos Peixes, Caleme, Vale Feliz, Fazenda da Paz, Posse, Paineiras, Jardim Serrano, Parque do Imbuí, Granja Florestal e Barra do Imbuí, Pessegueiros e Bonsucesso.
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Segundo a prefeitura, cerca de 800 pessoas trabalham na operação de atendimento aos atingidos pela chuva.
As famílias desabrigadas e desalojadas são encaminhadas para o ginásio Pedro Jahara, conhecido como Pedrão, no centro da cidade, que também recebe donativos para as vítimas.
AJUDA
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) conversou no começo da tarde de hoje com a presidente Dilma Rousseff para tratar das medidas emergenciais em relação à tragédia causada pela chuva, informou a assessoria do governo estadual. Cabral está em férias com a família, fora do país, e só chegará ao Rio amanhã.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, visitará na tarde desta quarta-feira as áreas afetadas pelas enxurradas. A visita é uma das medidas do governo federal acertadas ontem pelo ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para ajudar o Rio de Janeiro. Ele se reuniu em Brasília com o senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ). A conversa foi acompanhada via conferência telefônica pelo governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).
Cabral também solicitou ao comandante da Marinha, almirante Júlio Moura Neto, aeronaves para o deslocamento de mais tropas e equipamentos do Corpo de Bombeiros. O vice-governador, Luiz Fernando Pezão, coordena em campo as operações. Segundo ele, a situação é muito grave, e em alguns lugares o acesso só é possível por helicóptero.
RELATOS
Donos de casas nas localidades de vale do Cuiabá, em Petrópolis, disseram que a região ficou inteiramente isolada, sem luz, água e telefone. O economista José Roberto Afonso tem uma casa em um condomínio da região e disse que a chuva destruiu a ponte de acesso ao local.
"A gente está desesperado. O caseiro me ligou às 6h30. Ele me disse que a chuva arrastou carros, tudo o que tinha pela frente e destruiu a ponte. Ele me disse ainda que os pais do nosso eletricista morreram afogados e que há mortos entre os hóspedes de uma pousada no local", disse. Ele fez um apelo para que a Defesa Civil chegue ao local por via aérea.
O caseiro Manoel Cândido da Rocha Sobrinho, 45, descreveu a situação no vale do Cuiabá como "um mar de lama", após o temporal que atingiu a região. Segundo ele, a chuva começou por volta das 22h de ontem, mas começou a cair torrencialmente durante a madrugada.
"Moro aqui há 25 anos. Nunca tinha visto algo assim. Moro em um local mais alto, mas quando olho para baixo só vejo um mar de lama. A maioria das pessoas se salvou subindo em árvore ou correndo para lugares mais altos", disse.