Bovespa cai 1% no fechamento e anula ganhos no mês 26/01/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ficou descolada dos mercados europeus e americanos durante todo o pregão desta quarta-feira. Investidores e analistas seguem preocupados com a inflação, que subiu mais do que esperado conforme o índice de preços mais recente, e os reflexos sobre a política monetária. Com as perdas de hoje, o mercado brasileiro de ações já apagou o (parco) ganho acumulado neste mês e registra desvalorização de 0,86% em janeiro.
No front externo, por outro lado, as principais Bolsas europeias ganharam quase 1% enquanto o índice americano Dow Jones encostou na marca histórica dos 12 mil pontos.
O indice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 1,03% no fechamento, aos 68.709 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,8 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, sobe 0,22% antes do final das operações.
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"A Bolsa brasileira está descolada das Bolsas lá fora e o noticiário somente tem reforçado esse descolamento, com a perspectiva cada vez maior de juros mais altos por aqui", diz o analista técnico da Icap Corretora, Rafael Figueiredo.
Na avaliação desse especialista, o mercado brasileiro tem duas faixas de preços fundamentais para definir tendências: se o Ibovespa oscilar abaixo dos 68.560 pontos, as ordens de venda podem se acumular, levando o índice para a faixa dos 66 mil pontos. Por outro lado, se o índice da Bolsa finalmente romper a marca dos 70 mil ou 70.500 pontos, há grandes chances de que o mercado se "entusiasme", trazendo o Ibovespa de volta aos seus topos históricos, acima dos 73 mil pontos.
"É difícil saber quando essa definição deve acontecer. Pode ser em quatro dias ou em um mês, pensando no curto prazo", diz ele. "Mas mesmo que o mercado fique 'de lado' [sem uma tendência firme], ainda assim pode ser positivo. Acho possível que o investidor comece a ser atraído por algumas 'pechinchas'", diz ele.
O dólar comercial foi mantido em R$ 1,671, após oscilar entre R$ 1,672 e R$ 1,667. A taxa de risco-país marca 162 pontos, número 5,26% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o US Census Bureau, o escritório de estatísticas americano, anunciou um aumento de 17,5% nas vendas de casas novas em dezembro, ante novembro, bem acima das projeções do mercado.
Quase no final da tarde (17h25, hora de Brasília), o Federal Reserve (banco central dos EUA) anuncia suas decisões no campo da política monetária. Não há expectativas de que essa autoridade altere o nível de juros atual (em torno de 0,25% ao ano). A relevância está no comentário do chamado 'Fed' sobre o ritmo de recuperação da maior economia mundial.
BRASIL
O IBGE apontou uma inflação de 0,76% em janeiro, ante 0,69% em dezembro, pela leitura do IPCA-15, uma estimativa prévia da inflação oficial. Economistas do setor financeiro projetavam uma taxa em torno de 0,70%.
O Banco Central reportou que a carteira de crédito total atingiu R$ 1,7 trilhão em dezembro, num crescimento de 20,5% sobre a cifra de 2009. As taxas de juros praticadas nas linhas para o consumidor atingiram o maior nível do ano no último mês, num reflexo das medidas adotadas pelo BC.
EMPRESAS
Kodak, Boeing e Xerox reportaram lucros menores em seus balanços do quarto trimestre de 2010.
O lucro da empresa de material fotográfico caiu 95%, na comparação com último trimestre de 2009, para US$ 22 milhões, ou US$ 0,08 por ação. Já a Boeing reportou um lucro líquido de US$ 1,16 bilhão no quarto trimestre, ou US$ 1,56 por ação, ante US$ 1,27 bilhão, ou US$ 1,75 por papel, um ano antes.
E a Xerox anunciou um lucro líquido de US$ 171 milhões para o último trimestre do ano passado, ou US$ 0,12 por ação, ante um ganho de US$ 180 milhões, ou US$ 0,20 por ação, em idêntico período de 2009.