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DIA A DIA

Bovespa cai 2% no fechamento e retorna a pior nível em 4 meses
28/01/2011 - Epaminondas Neto - Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) sofreu sua pior queda em dois meses, num dia de mau humor global. Investidores usaram o desempenho relativamente frustrante do PIB americano, a forte contração nos lucros da Ford, e a escalada de tensão no Egito, como justificativa para disparar ordens de venda.

O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, desvalorizou 1,99%, aos 66.697 pontos, seu pior patamar de preços desde o início de setembro. O giro financeiro foi alto, na casa dos R$ 7,5 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cede X%, pouco antes do encerramento.

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,685, em um acréscimo de 0,35%. A taxa de risco-país marca 184 pontos, número 5,74% acima da pontuação anterior.


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Se nos EUA, os investidores correram para embolsar os ganhos acumulados desde dezembro do ano passado, por aqui, a aversão ao risco predomina: a perspectiva de que os governos chinês e brasileiro restrinjam o aquecimento da economia para combater a alta dos preços desanima novas apostas na Bolsa de Valores, pelo menos por enquanto.

José Raymundo Jr., diretor da Wagner Investimentos, observa que, tanto a Bolsa americana quanto a brasileira podem ¨derreter¨ ainda mais antes de tomar novo fôlego. Ele lista pelo menos três fatores que podem deprimir o mercado nas próximas semanas.

Primeiro, o fato de que a Bolsa americana já valorizou com força desde dezembro e que, portanto, está suscetível a mais realização de lucros (venda de ações caras para embolsar os ganhos;

Segundo, as dúvidas dos investidores sobre as famosas medidas ¨macroprudenciais¨ anunciadas pelo governo brasileiro, já que o aperto da taxa de juros sempre o principal, e praticamente, a única ferramenta para combater a inflação no país;

E terceiro, um ¨excesso¨ de IPOs (oferta de ações), que competem por recursos com as ações já existentes.

Ele, portanto, vê com as reservas o otimismo de uma parcela dos analistas, que projetava o retorno da Bolsa brasileira aos seus topos históricos (na casa dos 73 mil pontos) ainda no curto prazo. ¨Não digo que não possa chegar nesse ponto, mas por enquanto, eu acho difícil¨, avalia.

O especialista da Wagner Investimentos não discorda, no entanto, que algumas ações da Bolsa já apanharam demais por conta do temor dos mercados, citando os setores de construção civil, bancos e varejo. Não por acaso, são os segmentos da economia mais atrelados ao consumo doméstico e que portanto, seriam as maiores ¨vítimas¨ de eventuais iniciativas para encarecer o crédito e tirar dinheiro de circulação.

EUA

Entre as principais notícias do dia, o governo americano relatou um crescimento de 3,2% (número anualizado) para o PIB (Produto Interno Bruto) no último trimestre de 2010. Analistas de Wall Street previam incremento um pouco maior, de 3,5%.

O crescimento americano foi puxado pelo avanço do consumo doméstico, que apresentou um aumento de 4,4% no trimestre, comparado com a alta de de 2,4% no período anterior.

O PCE (índice deflator do PIB), que mede o custo de uma cesta de bens no país, registrou alta de 0,3%, ante estimativas de elevação de 1,5%.

No front doméstico, a FGV apontou uma inflação de 0,79% em janeiro, ante 0,69% em dezembro. Economistas do setor financeiro projetavam uma variação de 0,75%.

O Banco Central informou que o chamado governo central -- composto pelo próprio BC, Tesouro Nacional e Previdência Social -- contabilizou um superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 14,4 bilhões em dezembro. Em 2010, o resultado acumulado é de R$ 79 bilhões, superando a meta fiscal do ano, de R$ 76 bilhões.

EMPRESAS

Ontem à noite, a Microsoft revelou um lucro líquido de US$ 6,63 bilhões, ou US$ 0,77 por ação, no segundo trimestre fiscal, ante US$ 6,66 bilhões, ou US$ 0,74 por ação, um ano antes. Economistas de Wall Street projetavam um ganho de US$ 0,68 por ação.

E a Ford Motor apresentou um lucro líquido de US$ 190 milhões, ou US$ 0,05 por ação, para o último trimestre do ano passado, bem abaixo dos US$ 886 milhões, ou US$ 0,25 por papel, no mesmo período do ano anterior. O balanço foi afetado pelos encargos de uma dívida de quase US$ 1 bilhão.

  

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