Não devemos ter ilusão de que câmbio vai mudar, diz ministro 04/02/2011
- Giuliana Vallone - Folha Online
O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) afirmou nesta sexta-feira que o cenário do câmbio no Brasil não deve mudar. De acordo com ele, a importância do Brasil hoje no cenário internacional fortalece o real.
"Nós não podemos ter a ilusão de que o cenário vai mudar em relação ao câmbio, porque países fortes têm moedas fortes. Então não vamos ter a ilusão de que o câmbio vai se desvalorizar de uma hora para outra", disse, após reunião com empresários e membros do governo para discutir inovação no país, realizada na CNI (Confederação Nacional da Indústria).
De acordo com Pimentel, o Banco Central e o Ministério da Fazenda estão tomando as medidas possíveis para assegurar o câmbio num "nível razoável". "Mas esse nível sempre será muito mais valorizado do que foi em décadas passadas."
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Além disso, ele ressaltou que o Brasil não vai igualar suas condições de trabalho às de países asiáticos para ganhar competitividade -- a China, por exemplo, é conhecida por seus baixos salários e altas jornadas impostas a seus trabalhadores.
O país enfrenta hoje um forte aumento nas importações por conta da grande valorização do real. O fluxo de investimentos para o país --por conta da alta taxa de juros e da economia fortalecida-- faz a cotação do dólar cair e barateia as compras de produtos no exterior.
Além disso, de acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, o Brasil se tornou um bom mercado para os países ricos.
"Os países estão desovando estoques para o mundo para sair da crise como puderem. A demanda caiu no mundo e o mercado interno do Brasil se fortaleceu, então atraímos muito esses países", disse.
O saldo da balança comercial em 2010 foi o mais baixo desde 2002: o superavit caiu 19,8% ante 2009, para US$ 20,3 bilhões. O ministério não divulga projeções para este ano, e o Banco Central espera superavit de US$ 11 bilhões.
As exportações brasileiras no ano passado foram as maiores da história, mas o resultado foi compensado pela alta nas importações, que somaram US$ 181,6 bilhões, 42,2% a mais que em 2009.
Pimentel reforçou a parceria entre empresas e governo -- discutida na reunião de hoje -- para aumentar a competitividade brasileira.
"Nós vamos conseguir competir se o esforço que nós estamos fazendo aqui der resultado, na competitivadade via inovação, via novas tecnologias, aproveitando as vantagens que nós já temos, na área agrícola, petróleo e gás e energia limpa", disse. "Pela primeira vez na história, as lideranças empresarias estão unidas com o governo nesse esforço."
Mercadante, por sua vez, ressaltou ainda que o país não pode se acomodar exportando apenas commodities, mesmo em um ano como 2011, que promete alta dos preços destes produtos no mercado internacional. "O Brasil, com o pré-sal, está muito bem posicionado, mas tem que usar isso como uma oportunidade de olhar para outros que geram mais valor agregado."