Bovespa amarga pior tombo em 2 meses e perde 2,1% na semana 04/02/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações reagiu mais uma vez ao nervosismo dos investidores, reforçado por novos rumores, quanto a possíveis novas medidas do governo brasileiro, que afetariam diretamente a Bolsa de Valores. E uma presença forte tanto de estrangeiros quanto agentes domésticos no lado da venda determinou o pior tombo da Bovespa desde o final de novembro.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, desvalorizou 2,24% no fechamento, batendo os 65.269 pontos, o nível de preços em mais de cinco meses. O giro financeiro foi forte, de R$ 7,24 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, sobe X%.
Pela manhã, os números sobre emprego nos EUA não animaram os investidores, mas a queda se acentuou realmente à tarde, quando ganharam força novos boatos sobre o aumento da tributação para aplicações em Bolsa.
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"Esse rumor já ronda o mercado desde o final do ano passado, pelo menos, e hoje parece que foi 'trigger' [gatilho] dessa queda", comenta Expedito Araújo, da mesa de operações da Alpes Corretora.
Para o consultor técnico da corretora Novinvest, Didi Aguiar, a Bolsa deve oscilar na marca dos 65 mil pontos, mas com perspectivas de descer ainda mais, possivelmente para a casa dos 63.750 pontos. "O nosso mercado está muito perdido, sem uma tendência firme [numa perspectiva mensal]. O mercado ainda pode 'passear' pelos 63 mil pontos, mas isso não significa que mudou esse panorama", comenta.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,678, em alta de 0,47%. A taxa de risco-país marca 158 pontos, número 3% abaixo da pontuação anterior.
Além dos leilões habituais para compra de dólar, o Banco Central também voltou a oferecer contratos de "swap" cambial reverso (equivalente a operações de compra de dólar no mercado futuro). Os agentes financeiros tomaram pouco mais de 14 mil do montante total de 20 mil negociados pelo BC.
EUA
O Departamento de Trabalho americano revelou um cenário misto: enquanto a taxa de desemprego recuou para 9%, abaixo das expectativas (9,5%), a geração de vagas foi bem decepcionante -- apenas 36 mil (saldo entre contratações e demissões) -- enquanto economistas do setor financeiro projetavam entre 140 mil e 150 mil.
A aparente disparidade entre a evolução das taxa de desemprego e a criação de postos de trabalho se deve à diferença de metodologias no cálculo desses dois indicadores.
Entre as outras notícias importantes do dia, o Banco da Espanha reportou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país encolheu 0,1% em 2010. O próprio governo espanhol projetava uma queda muito maior, de 0,3%.
Autoridades francesas e da FAO (das Nações Unidas) advertiram para o risco de motins, por conta da recente alta nos preços dos alimentos. Ontem, o organismo das Nações Unidas comunicou que seu índice de preços (que reflete o custo desses produtos) havia atingido seu ponto mais alto desde o início da série histórica, em 1990.