Bovespa ganha 0,63% no fechamento com ações de varejo e bancos 08/02/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
As ações de bancos, principalmente, e do setor varejista puxaram a recuperação da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) nesta terça-feira. Acumulando uma queda de quase 6% neste ano, o mercado brasileiro oferecia vários papéis a preços oportunos. A busca por "pechinchas" foi forte o bastante para "superar" duas notícias bastante negativas da jornada de hoje: a taxa da inflação brasileira mais alta que o previsto e o ajuste dos juros na China.
Economias emergentes como Brasil e China enfrentam um problema de alta dos preços, que tem sido uma das grandes preocupações dos investidores neste início do ano. Para combater a inflação, a receita clássica prevê o aumento dos juros (e o aperto do crédito) o que, como regra geral, não é positivo para os mercados de ações.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, valorizou 0,63% no fechamento, aos 65.771 pontos. O giro financeiro foi expressivo, em torno de R$ 7,4 bilhões, Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, ganha 0,56%, pouco antes do final das operações.
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"As ações que realmente subiram hoje foram os papéis que 'apanharam' demais nos últimos dias", comenta Cristiano Lemos, da mesa de operações da corretora Corval, salientando que a recuperação de hoje pode ter sido somente "pontual".
Entre os destaques do dia, os papéis de Bradesco e Itaú-Unibanco valorizaram quase 3%, enquanto a ação ordinária do Banco do Brasil ficou 1,8% mais cara. No varejo, as ações do grupo Lojas Renner subiu 3,8%, enquanto os papéis das Lojas Americanas avançaram 3,9%.
Esses ativos não desvalorizaram fortemente nos últimos dias "por acaso": investidores e analistas temem que o governo adote mais medidas restritivas ao consumo, o que pode ter impacto nos resultados dessas empresas.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,667, em um decréscimo de 0,77%. A taxa de risco-país marca 167 pontos, número 3,08% acima da pontuação anterior.
Entre as primeiras notícias do dia, o banco central chinês elevou a principal taxa de juros do país em 0,25 ponto percentual, o que elevou o custo dos empréstimo (de 12 meses) para 6% ao ano. Trata-se da terceira vez em quatro meses que essa autoridade monetária ajusta os juros, em mais uma tentativa de conter a alta dos preços, problema que afeta as economias emergentes neste ano.
O gigante asiático é uma das maiores forças da economia mundial e tentativas de esfriar o nível de atividade nesse país não costumam ser bem recebidas pelo mercado.
No front doméstico, o IBGE apontou inflação de 0,83% em janeiro, ante 0,63% em dezembro, pela leitura do IPCA, o índice oficial de preços. Economistas do setor financeiro projetavam variação de 0,81%. No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA teve alta de 5,99%. A meta para este ano é de 4,5%, com 'folga' de dois pontos percentuais.
A FGV apontou uma inflação de 0,98% em janeiro ante 0,38% em dezembro, conforme o IGP-DI. Analistas estimavam uma variação na faixa de 0,97%.
Reportagem da Folha apontou que o governo estuda aumentar a alíquota do IOF (imposto sobre operações financeiras) das compras no exterior com cartão de crédito. O objetivo é frear o consumo no exterior. Em 2010, essas transações cresceram 54%, somando US$ 10 bilhões. Mais tarde, o ministro Guido Mantega desmentiu a informação e apontou expectativas de que a inflação desacelere nos próximos meses.