BB muda foco de crédito em 2011 após restrições do BC 17/02/2011
- Giuliana Vallone - Folha Online
As medidas de restrição ao crédito implementadas pelo Banco Central no fim de 2010 devem mudar ligeiramente o foco de expansão do crédito do Banco do Brasil neste ano. Segundo o presidente da instituição, Aldemir Bendine, a ideia do governo é reduzir o ritmo dos financiamentos ao consumo, enquanto os empréstimos para produção devem ganhar mais destaque.
"Tivemos uma ligeira mudança de tendência para investimento no crédito produtivo", afirmou, em São Paulo. Nessa categoria, disse, se enquadrariam os recursos direcionados a empresas também ao crédito imobiliário. "A presidente Dilma [Rousseff] nos pediu um direcionamento mais forte para o investimento privado. O Brasil precisa de uma puxada no investimento."
Atualmente, segundo Bendine, há R$ 85 bilhões em projetos de financiamento a empresas em análise pelo banco. Desses, o BB espera aprovar cerca de R$ 20 bilhões.
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As projeções do BB apontam para um crescimento entre 17% e 20% na carteira do banco neste ano. Em 2010, o crescimento de 19,1%, para R$ 358,4 bilhões, foi, novamente, o principal motor da elevação no lucro da instituição, que chegou a um recorde de R$ 11,7 bilhões.
A expectativa do banco é que os financiamentos à pessoa física tenham alta entre 17% e 23%, enquanto a carteira de pessoas jurídicas cresceria entre 17% e 20%. "Teremos um pequeno recuo na carteira de pessoas físicas", disse Bendine. No ano passado, o segmento cresceu 23,2%, chegando a R$ 113,1 bilhões.
E essa desaceleração em função das medidas adotadas pelo BC já tem sido sentida pelo mercado, de acordo com o presidente do BB. Os desembolsos financiamentos para a compra de veículos --um dos alvos das ações do governo-- do banco mostraram queda de 40% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, disse.
"Janeiro e fevereiro já mostraram uma queda na demanda por financiamentos ao consumo." Para Bendine, porém, esses empréstimos devem ter retomada gradual no segundo semestre, mas não no ritmo registrado em 2010.
IMOBILIÁRIO
Aproveitando os estímulos ao crédito imobiliário, o banco quer dobrar sua carteira no segmento em 2011 -- assim como fez no ano passado, quando passou de R$ 1,5 bilhão em financiamentos para R$ 3,4 bilhões.
Hoje, o BB ocupa o quinto lugar no mercado em empréstimos para a aquisição e construção de imóveis. A meta é chegar pelo menos à terceira posição até 2014, de acordo com Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente de novos negócios do BB.
Nos próximos anos, o banco pretende aumentar a participação dos financiamentos à construção em sua carteira. Hoje, segundo Caffarelli, apenas 15% dos empréstimos são feitos para construtoras. O objetivo é chegar a uma participação de empresas de 60%.
"Começamos muito forte com pessoa física, agora fizemos convênios com as principais construtoras para emprestar para elas também. Você financia a construção e depois isso se converte em empréstimos à pessoa física", disse.
No âmbito do programa habitacional do governo, Minha Casa, Minha Vida, a meta do BB é de fechar, em 2011, cerca de 100 mil contratos, para pessoas com renda entre três e dez salários mínimos. O banco começou a financiar imóveis dentro do programa em setembro do ano passado e chegou ao final de 2010 com 16 mil contratos fechados.