Bovespa fecha em alta de 0,72% e acumula ganho de 1,2% no mês 28/02/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o mês com valorização, num dia de desempenho positivo também nos mercados externos. As ações da Petrobras, que caíram com força ao longo do dia, amenizaram as perdas próximo ao fechamento do mercado. Mas a recuperação do mercado brasileiro foi limitada pelas fortes perdas entre os papéis da construção civil, com o anúncio do corte de gastos no programa federal de habitação (Minha Casa, Minha Vida).
No mês, a Bolsa acumulou ganho de 1,21%. A taxa cambial, no mesmo período, ficou 0,6% menor.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,72% no fechamento, aos 67.383 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,13 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta de 0,79%.
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As ações preferenciais da Petrobras desvalorizaram apenas 0,06%. Na semana passada, a estatal divulgou um lucro histórico relativo ao exercício de 2010, superior às expectativas do mercado. Mas no pregão de hoje, analistas apontaram ressalvas ao resultado, considerando o impacto das receitas financeiras.
"Essas ressalvas tiraram um pouco o brilho do resultado, o que eu até discurso, porque foi muito forte. Mas não podemos esquecer que esses papéis subiram uns 10% somente na semana passada, e hoje houve um pouco de realização [vendas para embolsar os ganhos acumulados]", comenta José Antônio Motta Pequeno, gerente da mesa de operações da corretora Amaril Franklin.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,663, em um declínio de 0,06%. A taxa de risco-país marca 176 pontos, número 3,29% abaixo da pontuação anterior.
Entre as primeiras notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA reportou que o nível de gastos dos americanos aumentou somente 0,2% em janeiro, o menor incremento em sete meses consecutivos de ganhos. Em dezembro, o mesmo indicador havia apontado um crescimento de 0,5%.
Já o nível de renda dos americanos aumentou 1%, ante um crescimento de 0,4% em dezembro, acima das expectativas do setor financeiro.
No front doméstico, o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, apontou que as projeções do mercado para a inflação subiram novamente: para 2011, a variação prevista do IPCA passou de 5,79% para 5,80%; Para 2012, foi mantida a projeção de 4,78%.
O governo detalhou hoje o planejamento do corte de gastos públicos orçado em R$ 50 bilhões para este ano. Os gastos discricionários dos ministérios tiveram uma redução de R$ 36,2 bilhões. Os vetos à Lei Orçamentária respondem por R$ 1,6 bilhão em despesas. Já as despesas obrigatórias tiveram uma redução de R$ 15,7 bilhões, sendo R$ 3,5 bilhões de gastos com pessoal, R$ 8,9 bilhões nos subsídios, R$ 2 bilhões de gastos previdenciários e R$ 3 bilhões em abono salarial e seguro-desemprego.
O mercado ainda trabalha sob expectativa da reunião do Comitê de Política Monetária, que anuncia nesta quarta-feira a nova taxa básica de juros do país.
A piora das expectativas para a inflação de 2012 levou uma parcela dos economistas a cogitar um possível ajuste da taxa básica de juros dos atuais 11,25% para 12% ainda neste mês. Até a semana passada, no entanto, a corrente majoritária dos analistas ainda apostava num aumento para 11,75%, combinado com uma nova leva de 'medidas macroprudenciais' para combater a inflação.