Bovespa cai 1,69% no fechamento; mercado teme alta do petróleo 01/03/2011
- Folha Online
Os investidores deixaram de lado alguns indicadores bastante positivos da economia americana para se concentrar na ressalva do presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, sobre o possível impacto da alta do petróleo na inflação doméstica. Em um dia de forte alta nos preços da commodity, as principais Bolsas operaram no campo negativo durante boa parte do dia, incluindo a brasileira Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Em Nova York, o barril WTI encostou na marca dos US$ 100. No mercado londrino, outra praça de referência para o preço internacional, o barril do tipo Brent ultrapassou a casa dos US$ 115, o maior preço em mais de dois anos.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 1,69% no fechamento, aos 66.242 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 1,38%.
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"O mercado teve abertura bastante positiva, mas após o discurso do Bernanke, praticamente todos os mercados viraram. Para piorar, o petróleo subiu em Nova York, o que de início não estava previsto, pelo contrário: a expectativa era de que a cotação caísse, depois de que a Arábia Saudita afirmou que iria aumentar a produção para compensar o problema na Líbia", comenta Cristiano Lemos, da mesa de operações da corretora Corval.
A ação preferencial da Petrobras, que concentrou quase 14% dos negócios do hoje, desvalorizou 1% no pregão, apesar da forte alta do petróleo. Profissionais das mesas de operações relatam que vários analistas têm feito ressalvas ao lucro histórico da estatal. Para explicar a queda pelo segundo dia consecutivo, especialistas também citam a valorização brusca do papel na semana passada, o que leva alguns investidores a venderem para embolsar os ganhos.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,664, em leve alta de 0,06%. A taxa de risco-país marca 171 pontos, número 2,84% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o presidente da Federal Reserve (banco central dos EUA), Ben Bernanke, advertiu para o impacto do encarecimento das commodities sobre a recuperação da economia. E apontou que poderia levar a um aumento 'modesto' da inflação ao consumidor.
O US Census Bureau, o escritório de estatísticas americano, informou que o volume de gastos na construção civil encolheu 0,7% em janeiro, na comparação com dezembro. Analistas de Wall Street projetavam um recuo de 0,5% (variação mensal) para o período.
E o ISM (Instituto de Gestão de Fornecimento, na sigla em inglês) apontou que o nível de atividade do setor manufatureiro subiu em fevereiro, num ritmo acima do esperado pelo mercado financeiro. O índice que reflete o nível de atividade do setor teve uma leitura de 61,4 pontos em fevereiro ante 60,8 em janeiro (dado revisado). Economistas previam um resultado na casa dos 60,8 pontos.
O setor manufatureiro chinês cresceu num ritmo mais lento em fevereiro, conforme pesquisa PMI divulgada nesta madrugada. O dado ganha relevância ainda maior num momento em que o gigante chinês luta contra a alta dos preços, e 'ameaça' tomar novas medidas restritivas à economia.
A agência europeia de estatísticas Eurostat reportou que a taxa de desemprego ficou abaixo de 10% em janeiro, número vigente nos dois últimos meses de 2010, entre os países da zona do euro. A Espanha ainda detém a maior taxa da região, na casa dos 20%.
No front doméstico, o Ministério do Desenvolvimento informou que a balança comercial teve um superavit de US$ 1,199 bilhão em fevereiro. Esse resultado foi 180% maior que o saldo comercial do mesmo mês do ano passado.
Amanhã, o Comitê de Política Monetária decide a nova taxa básica de juros brasileira. As apostas do mercado se dividem entre um ajuste de 0,50 ponto percentual (maioria) ou 0,75 ponto percentual.