DIA A DIA

Bovespa deixa terremoto no Japão de lado e sobe 0,98%
11/03/2011 - Giuliana Vallone - Folha Online

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) aproveitou o apetite dos investidores para comprar ações com preços mais baixos após a queda dos últimos pregões e fechou a sexta-feira em alta, mesmo após o forte terremoto que atingiu o Japão. Além disso, uma melhora nos mercados norte-americanos beneficiaram ainda mais o principal índice brasileiro de ações.

O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,98% no fechamento, aos 66.684 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,77 bilhões. Mesmo com a alta hoje, a Bolsa paulista terminou a semana em queda de 1,95%. No mês, a queda chega a 1,04% e, no ano, a 0,86%.

O dólar comercial foi cotado por R$ 1,666, em um avanço de 0,30%. A taxa de risco-país marca 168 pontos, número 1,75% abaixo da pontuação anterior.


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"O que vimos hoje foi uma recuperação técnica. Os investidores aproveitaram as baixas de preços para recompor suas carteiras, mas eu não acredito numa mudança de tendência", afirmou Renato Bandeira de Mello, analista de renda variável da Corretora Futura.

Para ele, a Bolsa paulista deve continuar operando com volatilidade nas próximas semanas, com as incertezas na Líbia e as promessas de protestos na Arábia Saudita.

Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta de 0,50%, mas fechou a semana em queda de 1%.

Os investidores norte-americanos aproveitaram um aumento acima do esperado nas vendas do varejo e o recente fracasso dos protestos na Arábia Saudita para recuperar um pouco a queda dos últimos dias.

Além disso, as ações de companhias que se beneficiam da expansão da infraestrutura global subiram, com os investidores antecipando que o Japão deve precisar delas em sua reconstrução.

O tremor é considerado o pior a atingir o país desde que começaram a ser feitos registros, no final do século 19, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês).

Mas nem todas as Bolsas do exterior conseguiram subir em meio à tragédia. Na Europa, as Bolsas de Valores tiveram o menor fechamento de 2011 nesta sexta-feira, depois de o terremoto reduzir ainda mais o apetite por risco do investidor, com as ações de companhias de seguros entre as mais afetadas.

A Bolsa de Londres perdeu 0,28%; em Frankfurt, o índice Dax cedeu 1,15%.

Na Ásia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio encerrou a sessão desta sexta-feira em queda de 1,72%. O terremoto, porém, ocorreu pouco antes do fechamento da sessão, o que fez com que os investidores tivessem pouco tempo para medir a extensão dos danos. Os índices futuros, que continuaram operando no after-market, chegaram a cair 5%.

Além disso, a perspectiva de uma queda na demanda japonesa por petróleo após a tragédia --o país é o terceiro maior consumidor mundial da commodity-- derrubou os preços do barril, aliada ao fracasso de protestos na Arábia Saudita nesta sexta.

O preço do WTI (Petróleo Intermediário do Texas, na sigla em inglês) caiu 1,49% na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York), cotado a US$ 101,16 por barril. Em Londres, o Brent caiu 1,37% na ICE (Bolsa Intercontinental de Futuros de Londres), cotado a US$ 113,84.

Uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de que o país poderá recorrer a sua reserva estratégica se houver uma eventual interrupção da provisão pelas crises no Oriente Médio também contribuiu para a queda.

INFLAÇÃO

Entre as notícias do dia, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou que a inflação mensurada pelo IGP-M (Índice Geral de Preços -- Mercado), usado como referência na maioria dos contratos de aluguel, variou 0,48% na primeira prévia de março, ante alta de 0,66% no mesmo período de fevereiro. No acumulado dos últimos doze meses, foi registrada variação de 10,79%, enquanto sobe 2,29% no ano.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que o emprego industrial registrou variação positiva pela 12ª vez seguida na comparação com igual mês do ano anterior. Em janeiro, a alta foi de 2,7%, elevação menos intensa desde março de 2010 (2,4%).

No front externo, um aumento acima do esperado nas vendas no varejo dos Estados Unidos ajudam as Bolsas. O índice avançou pelo oitavo mês consecutivo em fevereiro, com alta de 1,0%, de acordo com dados divulgados pelo Departamento do Comércio norte-americano. As vendas totalizaram US$ 387,1 bilhões. Esta é a maior alta desde outubro.

Na Europa, o PIB italiano cresceu 0,1% no quarto trimestre de 2010 em comparação com os três meses imediatamente anteriores, e 1,5% se forem levados em conta os dados do mesmo período de 2009.

Na China, o governo divulgou que o IPC (índice de preços ao consumidor), principal indicador da inflação, subiu 4,9% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, superando as expectativas do mercado.

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