Bovespa fecha em alta de 0,7% na contramão dos demais mercados 14/03/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um dia de ganhos, na contramão dos mercados externos, mas com poucos negócios, em seu primeiro dia sob o novo horário (das 10h às 17h).
Pela manhã, o mercado brasileiro de ações acompanhou o mal-estar global com a tragédia no Japão, terceira maior economia do planeta e um dos grandes compradores de commodities, como minério de ferro e petróleo.
Na segunda metade do pregão, no entanto, as ordens de compra se acumularam o suficiente para puxar o índice acionário de volta para o terreno positivo. Ações do setor bancário, siderúrgico e de consumo doméstico fundamentaram a recuperação. Mais uma vez, prevaleceu a procura por "barganhas", isto é, papéis que ficaram a preços atrativos após dias consecutivos seguidos de perdas (como na semana passada).
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, avançou 0,73% no fechamento, aos 67.169 pontos. O giro financeiro foi de apenas R$ 5 bilhões, bem abaixo da média do mês passado (R$ 7,2 bilhões/dia) ou do início desse mês (R$ 6,3 bi/dia).
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, desvalorizou 0,43%. As Bolsas europeias também concluíram os negócios de hoje com perdas, a exemplo de Londres (0,91%) e Paris (1,28%). Mas um dos piores "tombos" do dia ocorreu justamente no Japão, onde a Bolsa de Tóquio derreteu 6,2%, a pior queda num só dia dos últimos dois anos
"Na semana passada, o mercado entendeu que o ajuste dos juros não vai ser tão severo como se pensava, e creio que isso ainda está beneficiando ações de empresas ligadas ao consumo doméstico", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, da mesa de operações da corretora Diferencial.
Ele chama a atenção para o caso das siderúrgicas, que valorizaram hoje sob um possível efeito da tragédia no Japão. "Em que pese o lado humano, e o efeito na economia mundial [do terremoto], o mercado também está considerando que esse evento vai prejudicar as concorrentes de algumas empresas brasileiras", acrescenta.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,662, em baixa de 0,24%. A taxa de risco-país marca 173 pontos, número 2,97% acima da pontuação anterior.
A agenda econômica teve poucos destaques tanto no front externo quanto doméstico. O Banco Central brasileiro registrou que a maioria dos economistas do setor financeiro voltou a elevar suas projeções para a inflação de 2011 -- a variação prevista para o IPCA passou de 5,78% para 5,82%. Para 2012, a projeção permaneceu em 4,80%.
O Ministério do Desenvolvimento reportou um superavit comercial de US$ 841 milhões nas duas primeiras semanas de março. A média por dia útil (US$ 120 milhões) é 310,6% maior do que o registrado no mesmo mês do ano passado e o dobro de fevereiro.
No front externo, o governo grego divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país teve uma contração de 4,5% no ano passado, em uma recessão mais grave do que previsto inicialmente.
EMPRESAS
O grupo Hypermarcas (bens de consumo) registrou um lucro líquido de R$ 261,9 milhões no exercício de 2010, o que representa uma queda de 10,3% sobre os resultados de 2009. A ação ordinária teve ganho de 2,22% no pregão de hoje.