Em dia de bom humor global, Bovespa fecha com ganho de 0,34% 29/03/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) contrariou os prognósticos para o dia e encerrou o pregão em terreno positivo, com a forte contribuição dos papéis da mineradora Vale, que movimentaram mais de 15% do volume financeiro total. Nem os indicadores pouco animadores publicados nos EUA, nem as notícias negativas do front europeu tiraram o apetite por risco entre os investidores.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, avançou 0,34% no fechamento, aos 67.418 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,14 bilhões, ainda abaixo da média para o mês (R$ 6,6 bilhões/dia) Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve ganho de 0,67%.
Na Europa, a Bolsa de Londres ascendeu 0,46%, enquanto a Bolsa de Paris teve alta de 0,27%. Em Frankfurt, as ações recuaram apenas 0,06%, conforme o índice Dax.
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Rumores sobre a saída de Roger Agnelli da presidência da Vale têm afetado os papéis da mineradora na Bolsa. Hoje, no entanto, a ação preferencial dessa empresa girou praticamente o dobro da ação de mesmo tipo da Petrobras, subindo 1,85%, enquanto o ativo da petrolífera ficou estável.
"Uma parte do mercado ficou animada com a possibilidade de que um diretor interno da Vale possa assumir no lugar do Agnelli", comenta Eduardo Oliveira, operador da Um Investimentos, lembrando também que um grande banco estrangeiro reforçou hoje sua recomendações para compra de ações do setor de mineração. "A ação da Vale permanece como 'top pick' [sugestão principal] em se tratando de Brasil", acrescenta.
Os papéis da Petrobras não tiveram um dia tão positivo. Hoje, o diretor-financeiro da estatal, Almir Barbassa, admitiu que a meta de US$ 55 bilhões (R$ 93 bilhões) de investimento previsto para este ano não será alcançada. "Suprir de capital uma empresa e um plano de negócios não é brincadeira", afirmou.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,654, em um declínio de 0,48%. O Diário Oficial publicou hoje decreto em que institui a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre empréstimos tomados no exterior. A medida visa, além de conter o endividamento externo de bancos e empresas, reduzir a entrada de dólares no país.
Profissionais de bancos e corretoras, no entanto, apontaram o impacto limitado da medida para conter a valorização cambial.
EUA E EUROPA
Entre as notícias de destaque no dia, os preços de imóveis caíram 3,1% em janeiro nos, na comparação com o mesmo período em 2010, conforme a pesquisa privada S&P/Case-Shiller, com base nos valores obtidos nas 20 principais regiões metropolitanas.
Outra pesquisa privada, a cargo do instituto Conference Board, apontou que a confiança dos americanos na economia teve uma forte redução em março, após ter alcançado o pico de três anos em fevereiro. O índice que sintetiza as respostas dos consumidores caiu de 72 em fevereiro para 63,4 neste mês. Analistas do setor financeiro projetavam 65 pontos.
Ainda no front externo, a agência de estatísticas oficial britânica informou que o PIB do Reino Unido contraiu 0,5% no último trimestre do ano passado, pouco abaixo das projeções anteriores. No ano passado, o crescimento foi estimado em 1,5%. Analistas avaliam que o Banco da Inglaterra pode elevar os juros nos próximos meses, e que a variação do PIB neste primeiro trimestre será fundamental para essa decisão.
E a agência de classificação de risco Standard&Poor's rebaixou os 'ratings' de Grécia e Portugal. No primeiro caso, a 'nota' do país mediterrâneo foi reclassificada para o 'grau especulativo' (de maior risco na comparação com o 'grau de investimento'), enquanto no segundo, a 'nota' ficou bastante próxima de perder o enquadramento na melhor classificação.
BRASIL
Dados do Banco Central divulgados hoje mostram que a carteira total de crédito cresceu 21% nos 12 meses encerrados em fevereiro. O BC quer um crescimento entre 10% e 15% neste ano. O crédito chegou ao nível mais uma vez recorde de 46,5% do PIB (Produto Interno Bruto) no mês passado, o equivalente a R$ 1,74 trilhão.