A forte alta das ações da Vale, que responderam por quase um quarto dos negócios de hoje, deu impulso para a recuperação da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que já acumula cinco dias consecutivos de valorização, em um aumento de alta de 3,7%.
Analistas também citaram como um dos fatores positivos o novo "upgrade" (melhora) da nota de risco de crédito brasileira.
Em tese, um "rating" superior tende a atrair mais capital estrangeiro para o país. Para analistas, a Bolsa está travada há meses justamente por falta de "combustível" novo, isto é, de capital externo, que saiu mais do que entrou neste primeiro trimestre.
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,63% no fechamento, aos 69.703 pontos, o patamar mais alta desde novembro de 2010. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,19%.
A proximidade do índice Ibovespa da marca dos 70 mil pontos ainda não despertou muito otimismo entre os especialistas.
"Esse número dos 70 mil pontos é um pouco 'cabalístico' para muita gente", brinca Mitsuko Kaduoka, analista da Indusval Corretora. "Acho que existe muita gente com receio desse nível de preços", acrescenta, ressaltando que ainda há vários percalços para a Bolsa firmar uma tendência positivo.
O mais visível desses obstáculos é a possibilidade do BCE (Banco Central Europeu) subir os juros na reunião desta semana, como já foi sinalizado pelo próprio presidente Jean-Claude Trichet.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,609, em leve queda de 0,18%. A taxa de risco-país marca 169 pontos, número 0,59% acima da pontuação anterior.
VALE
A ação preferencial da Vale teve ganho de 2,35%, movimentando R$ 1 bilhão, enquanto a ordinária ficou 2,15% mais cara, com um giro de R$ 224 milhões. Segundo profissionais das mesas de operações, aumentaram os rumores de que a companhia pode anunciar ainda hoje o nome do substituto de Roger Agnelli.
Reportagem da Folha aponta Tito Martins, presidente da Inco, subsidiária da Vale no Canadá, como o executivo mais cotado para assumir o cargo.
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, elaborado pelo Banco Central, apontou que a maioria dos economistas do setor financeiro elevou suas projeções para a inflação deste ano -- o IPCA previsto passou de 6% para 6,02%. Trata-se da quarta semana de ajuste para cima dessa previsão. Para 2012, a projeção também foi elevada -- de 4,91% para 5,00%.
E a agência de classificação de risco Fitch Ratings elevou a nota soberana de crédito do Brasil de BBB- para BBB, a primeira elevação desde maio de 2008, quando a Fitch reconheceu o Brasil como grau de investimento.
Na Espanha, o Ministério do Trabalho reportou que o número de desempregados atingiu a cifra recorde de 4,33 milhões de pessoas, contrastando com as projeções mais otimistas do governo, que previam um descenso na taxa de desemprego.