Investidor embolsa ganhos e Bovespa cai 1,15% no fechamento 06/04/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os investidores do mercado brasileiro de ações não se animaram com a valorização vista nas Bolsas americanas e europeias. Após seis dias consecutivos de alta na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), predominou o comportamento habitual de realização de lucros (venda de ações para embolsar os ganhos acumulados), com destaque para os papéis da Vale.,
As ações da mineradora desvalorizaram 0,91%, no caso das preferenciais, e 1,56%, no caso das ordinárias, mais uma vez concentrando em torno de um quinto dos negócios da Bolsa brasileira.
"Essas ações há haviam subido demais desde segunda, principalmente, com as especulações em torno da substituição do [Roger] Agnelli. E como são papéis com muito peso no índice, influenciaram na queda", avalia Luiz Mourato, da mesa de operações da TOV Corretora. O operador notou também algum receio dos agentes financeiros, com a expectativa pelo anúncio das novas medidas cambiais pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) previsto para o final da tarde.
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O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 1,15% no fechamento, aos 69.036 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,18 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,27%.
A Petrobras indicou hoje que pode elevar os preços da gasolina, caso a cotação do petróleo permaneça nos patamares atuais (acima de US$ 100). Na semana passada, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirmou que a empresa não mexeria nos valores do combustível.
O recuo da estatal não foi suficiente para evitar as perdas de hoje: a ação preferencial ficou 0,70%, enquanto a ordinária, 0,77%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,614, em um acréscimo de 0,31%, poucas horas antes do governo anunciar novas medidas para conter a desvalorização cambial. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,603, na parte da manhã, e atingiram o valor máximo de R$ 1,618 quando a Fazenda avisou o mercado.
O IBGE registrou crescimento da produção industrial em nove das 14 regiões pesquisadas em fevereiro, na comparação com janeiro. Na média nacional, a indústria apresentou avanço de 1,9% na mesma base de comparação.
Portugal captou hoje mais de 1 bilhão de euros, por meio da emissão de títulos de curto prazo. Os agentes financeiros tomaram os papéis mediante a promessa de uma taxa bastante alta de juros -- 5,9% ao ano para papéis de 12 meses -- bastante acima dos juros praticados nas ofertas feitas em março, quando o país ofereceu os mesmos papéis a juros de 4,3%.
Embora o aumento dos juros sinalize uma perda de confiança entre os investidores na capacidade do país em saldar seus compromissos, as taxas fixadas hoje ficaram abaixo das expectativas de alguns, que esperavam números na faixa de 6%.
Amanhã, o BCE (Banco Central Europeu) decide a nova taxa de juros para a zona do euro, hoje mantido em 0,5%, nível historicamente baixo. Economistas temem que a autoridade econômica do Velho Continente comece a apertar a política monetária já a partir desta semana.