Bovespa perde 1,86% no fechamento, pior queda em dois meses 12/04/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações registrou sua pior queda em mais de dois meses, numa sessão em que a aversão ao risco guiou os negócios. Trata-se do terceiro pregão consecutivo de baixa, período em que a Bolsa acumulou retração de 3,3%.
Pela manhã, as Bolsas asiáticas já sinalizavam o desconforto dos investidores com as notícias vindas do Japão, relativas ao desastre de Fukushima, que chegou a ser comparado com a tragédia histórica de Chernobyl.
Mais tarde, os investidores repercutiram relatórios de bancos estrangeiros apontando o esgotamento da alta das commodities, principalmente do petróleo. E a cotação do barril desabou mais de 3% na praça de Nova York, para US$ 105,90 na sessão de hoje. Em Londres, a retração foi de 2,46%, para US$ 120.
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"Realmente, os relatórios sobre petróleo bateram no mercado hoje. Mas que pela manhã as Bolsas já estavam negativas, com as notícias sobre o Japão. Apesar do vazamento [em Fukushima] ser uma fração de Chernobyl, ainda assim, foi um desdobramento que não estava no cenário do mercado", comenta Eduardo Oliveira, da mesa de operações da Um Investimentos.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, declinou 1,86% no fechamento, aos 66.896 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,7 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,95%.
As ações da Petrobras tiveram perdas entre 3% (preferenciais) e 3,5% (ordinárias), e foram os papéis mais movimentados, com volume superior a R$ 1 bilhão.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,593, em um avanço de 0,75%, a maior alta desde a primeira quinzena de janeiro.
O IBGE apontou a primeira retração nas vendas do comércio varejista após nove meses de crescimento. O instituto contabilizou um decréscimo de 0,4% nas vendas em fevereiro ante janeiro. Na comparação com o mesmo mês no ano passado, houve alta de 8,2%.
O Departamento de Comércio dos EUA informou que o deficit comercial caiu de US$ 47 bilhões em janeiro (dado revisado) para US$ 45,8 bilhões em fevereiro, por conta do decréscimo das importações entre os dois meses. Economistas do setor financeiro estimavam um número ainda menor, em torno de US$ 44 bilhões.
Outro órgão do governo americano, o Departamento do Trabalho, reportou que os preços de produtos importados avançaram 2,7% em março, ante 1,4% em fevereiro. Já os preços dos produtos exportados aumentou 1,5% em março, contra uma alta de 1,4% no mês anterior.
Ontem à noite, a Alcoa abriu a temporada de balanços nos EUA, revelando números frustrantes para Wall Street.
A fabricante de alumínio reportou fortes lucros no primeiro trimestre, de US$ 0,27 por ação, revertendo os prejuízos anteriores, mas analistas se decepcionaram com o faturamento, que atingiu US$ 5,96 bilhões, ante projeções de US$ 6,16 bilhões.