Bovespa fecha em queda de 0,89%, descolada do mercado externo 28/04/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Mais uma vez descolada do mercado externo, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) emendou o segundo dia de fortes perdas, sem que o investidor enxergue motivos para voltar às compras.
A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada hoje não ajudou muito ao mercado em dirimir suas dúvidas a respeito da disposição do governo em combater a alta dos preços domésticos.
"Nós avaliamos que a inflação é um desafio muito maior do que as autoridades [econômicas] desejariam admitir. E uma política hesitante de aperto [da política monetária] pouco fará para reancorar as expectativas de inflação", comentou o economista do banco BNP Paribas, Marcelo Carvalho.
PUBLICIDADE
Tanto Carvalho quanto outros economistas do setor financeiro acreditam que o BC, por meio de ajustes graduais de 0,25 ponto percentual, deve empurrar a taxa Selic dos atuais 12% ao ano para 13%.
O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 0,89% no fechamento, aos 65.673 pontos. O giro financeiro foi acima da média (R$ 6,5 bilhões/dia), em R$ 8,46 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avançou 0,57%.
O destaque positivo do dia ficou por contas das ações ordinárias da petrolífera OGX, que até ontem acumulavam perdas de 18% neste ano. Hoje, o papel subiu 1,28%, e movimentou R$ 1,06 bilhão, a ação mais negociada da Bolsa de Valores.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,583, em um avanço de 0,76%. A taxa de risco-país marca 171 pontos, número 0,58% acima da pontuação anterior.
O Departamento de Comércio dos EUA revelou que a economia desse país cresceu 1,8% (taxa anualizada) no primeiro trimestre deste ano, após um avanço de 3,1% no trimestre passado. Economistas do setor financeiro previam um incremento de 2%.
O Banco Central brasileiro advertiu que o ajuste da taxa básica de juros deve ocorrer num período 'suficientemente prolongado' e que o cenário econômico ainda está em um nível de incerteza 'acima do usual'.
A declaração consta da ata, divulgada hoje mas relativa à reunião da semana passada, quando o Copom, o comitê formado por diretores da autoridade monetária, decidiu aumentar os juros básicos de 11,75% ao ano para 12% ao ano, surpreendendo parte do mercado que apostava em uma alta maior.
EMPRESAS
O banco Santander no Brasil informou um lucro líquido de R$ 2,071 bilhões para o exercício do primeiro trimestre, com expansão de 17,5% na comparação com igual período do ano passado e alta de 8% em relação ao trimestre anterior. A "unit" (recibo de ações) desse banco desabou 4,5% hoje, enquanto as ações dos demais grandes bancos, como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, desvalorizaram entre 2,7% e 2,4%.
O grupo siderúrgico Usiminas reportou um lucro líquido de apenas R$ 16 milhões para o exercício do primeiro trimestre, o que significa uma redução de 96% sobre o ganho apurado no mesmo período de 2010. A ação preferencial cedeu 2,99%. A ação preferencial da CSN caiu 0,77% enquanto o ativo da Gerdau teve queda de 2,02%.
Ontem à noite, a Redecard (processadora de transações com cartões de crédito e débito), comunicou um lucro líquido de R$ 281,3 milhões no primeiro trimestre, o que representa um decréscimo de 20,2% sobre os resultados de um ano antes. A empresa também anunciou a intenção de recomprar até 5,5 milhões de ações ordinárias num prazo de 365 dias, começando a partir de amanhã.
A ação ordinária avançou 5,98%, enquanto o papel de mesmo tipo da rival Cielo valorizou 5,37%.