Bovespa emenda 3º dia de perdas e recua para níveis de julho 04/05/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
Após derreter quase 4% em três pregões consecutivos, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desceu para o seu ponto mais baixo, recuando para um nível de preços não visto desde julho de 2010.
Em um contexto geral de maior aversão a risco, o mercado de ações não cumpriou os prognósticos de uma parcela mais otimista dos analistas, que via no valor depreciado das ações um estímulo forte para o retorno dos investidores às compras.
Os três papéis mais negociados da Bolsa brasileira, Petrobras, Vale e OGX, enfileiraram desvalorizaram entre 0,51% e 4,3% neste pregão, mostrando a pouca disposição dos agentes financeiros para novas apostas.
PUBLICIDADE
"Enquanto não houver fatos novos que devolvam a confiança aos investidores, o mercado deverá continuar sem poder de reação", já apontava pela manhã os analistas da corretora Planner, desatacando a "sangria" de capital externo na Bovespa.
No quadrimestre, as vendas de ações por "não-residentes" superaram as compras por R$ 3,67 bilhões, conforme estatísticas divulgadas hoje pela BM&FBovespa.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, desvalorizou 1,09% no fechamento, aos 63.615 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,75 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 0,66%, numa rodada de indicadores econômicos desfavoráveis.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,605, em alta de 1%. O Banco Central brasileiro revelou que o fluxo cambial ficou positivo em US$ 1,5 bilhão em abril, um saldo 87% menor que a cifra registrada em março, o que já mostra o impacto das medidas do governo para restringir a enxurrada de dólares para o país.
"Há uma pressão de saída com uma escassa pressão de entrada no mercado", sintetizou o diretor da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, lembrando que o período atual é marcado por operações de pagamento de dividendos e remessas de lucro para o exterior por algumas companhias.
Relatório da consultoria ADP aponta a geração de 179 mil postos de trabalho no setor privado nos EUA em abril (entre contratações e demissões. Em março, a abertura de vagas foi revisada para cima (de 201 mil para 207 mil). Economistas do setor financeiro projetavam uma cifra de 195 mil para o mês passado.
Ainda nos EUA, sondagem do ISM (instituto de gestão da produção, em tradução livre) apontou expansão do setor de serviços em abril, porém em um nível abaixo do previsto pelo mercado. O indicador elaborado por essa entidade teve uma leitura de 52,8 pontos ante 57,3 em março. As expectativas apontavam uma cifra em torno de 58 pontos.
Ontem à noite, o governo português comunicou o acordo com o FMI e a União Europeia em torno de um pacote de auxílio financeiro no montante de 78 bilhões de euros. Ainda devem ser conhecidas as exigências que o país ibérico deve cumprir, em termos de austeridade fiscal, para receber as parcelas.
EMPRESAS
A fabricante de bebidas AmBev anunciou um lucro líquido de R$ 2,089 bilhões para o primeiro trimestre do ano, em um crescimento de 26,6% sobre o ganho apurado um ano antes. A ação preferencial teve perdas de 0,56% no pregão de hoje.
Ontem à noite, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) publicou um lucro líquido de R$ 616 milhões, em um crescimento de 38% sobre o primeiro trimestre de 2010. A ação ordinária valorizou 0,83%.