Bovespa fecha em baixa de 1,7%, arrastada por Petrobras e Vale 11/05/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa teve uma queda expressiva na sequência de três dias consecutivos de ganhos, sem que o investidor tenha encontrado motivos para retomar as compras.
Os indicadores da China, ansiosamente aguardados, não apagaram as expectativas de que Pequim lance uma nova rodada de medidas para conter a alta dos preços, um temor persistente nos mercados.
E num dia de poucos destaques da agenda econômica, o deficit comercial americano, maior do que o previsto, tampouco animou os investidores.
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 1,70% no fechamento, aos 63.775 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,25 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 1,02%.
A analista da corretora Indusval, Mitsuko Kaduoka, destaca o acúmulo de notícias ruins no front corporativo brasileiro. "Nós temos mas notícias no caso da Petrobras; as ações da BRFoods ainda refletindo resquícios de ontem; além disso, muita tem gente tem vendido os papéis da Vale, que parece estar sem comprador", comenta.
A ação preferencial da Petrobras caiu 2,7%, num pregão marcado por pelo menos duas notícias desfavoráveis à estatal petrolífera. Primeiro, a forte queda nos preços do barril de petróleo, de quase 5%.
Segundo, a intenção do governo em baixar os preços dos combustíveis, por meio da BR Distribuidora, a subsidiária da Petrobras que é dona de quase 50% desse mercado no país.
Outra petrolífera também não teve um bom dia hoje -- a OGX -- com forte queda de 4,3% nos preços das ações ordinárias.
Grande exportadora para a China, a Vale viu suas ações preferenciais amargarem perdas de 3%, respondendo sozinhas por mais de 10% do giro total da Bolsa.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,620, em alta de 0,93%, a maior taxa desde o final de março.
O deficit comercial dos EUA atingiu US$ 48,2 bilhões em março, o maior desde junho de 2010, acima das expectativas de US$ 47 bilhões do setor financeiro. Segundo relatório do governo americano divulgado hoje, as importações subiram quase 5% com a alta do petróleo. Para alguns analistas, será necessário revisar (para menos) as projeções de crescimento da economia no primeiro trimestre.
A inflação medida pelo IGP-M (primeira estimativa) foi de 0,70% em maio ante variação de 0,55% apurada no mesmo período de abril. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação é de 10,06%.
No front corporativo, o grupo JBS (setor frigorífico) anunciou um lucro de R$ 147 milhões para o primeiro trimestre de 2011, em um resultado 47,9% acima dos ganhos apurados um ano antes. As ações ordinárias cederam 0,35%.
E ontem à noite, a companhia aérea Gol revelou um lucro líquido de R$ 31,9 milhões para o primeiro trimestre deste ano, ante R$ 23,9 milhões apurados no mesmo período em 2010. As ações preferenciais dessa companhia caíram 4,15%, enquanto os papéis da rival Tam tiveram baixa de 0,38%.
CHINA
Os dados divulgados por Pequim nesta madrugada mostraram uma economia crescendo a ritmo moderado, com taxas de inflação pouco abaixo do previsto.
Enquanto a produção industrial subiu 13,4% (taxa anualizada), ante previsões de 14,5%, as vendas do setor varejista expandiram 17,1%, quando se esperava 17,6%. A inflação ao produtor teve alta de 6,8% (taxa anualizada), quando economistas estimavam 7,3%; a inflação ao consumidor foi de 5,3%, e o consenso das projeções apontava uma variação de 5,2%.