Bovespa fecha em alta de 0,3% e ganha 2,7% na semana 27/05/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve a sua primeira semana de valorização (2,7%) após quatro consecutivas de perdas.
Apesar dos indicadores decepcionantes publicados nos EUA, os investidores ainda se animaram com os preços das ações e voltaram às compras, concentrando suas apostas nas "blue-chips" (papéis com maior volume de negociação) Vale e Petrobras.
A ação preferencial da mineradora, que sozinha foi alvo de R$ 617 milhões em negócios, teve alta de 0,49%. Já a ação da Petrobras, também preferencial, movimentou R$ 334 milhões, tendo alta de 0,16%.
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O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 0,31% no fechamento, atingindo os 64.294 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,78 bilhões, mais uma vez, ficou abaixo da média do mês, de quase R$ 7 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, também teve alta de 0,31%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,601, em um declínio de 0,98%. Pela primeira vez em quase 30 dias, a taxa cambial oscilou abaixo de R$ 1,60, numa sessão marcada pelo enfraquecimento da moeda americana também no front externo.
Líderes do G8, que reúne as economias mais desenvolvidas do mundo, declararam hoje que a recuperação da economia global está se fortalecendo.
'A recuperação global está ganhando força e está se tornando mais autossustentável. Porém, permanecem riscos negativos, e desequilíbrios internos e externos ainda são uma preocupação', avaliaram os líderes, em um comunicado conjunto, fazendo referências à questão das dívidas soberanas e à alta das commodities.
O nível de gastos das famílias americanas aumentou 0,4% em abril, enquanto o nível de renda teve crescimento de 0,4%, segundo o Departamento de Comércio dos EUA. Enquanto o primeiro número ficou abaixo das expectativas dos analistas, a segunda taxa veio em linha com as projeções do setor financeiro.
Monitorado com atenção pelo banco central americano, o índice de preços PCE apontou uma inflação de 0,3% em abril ante 0,4%.Com a exclusão dos preços de alimentos e combustíveis, a taxa foi de 0,2%, ante 0,1% no mês anterior, ainda em níveis considerados confortáveis pela autoridade monetária local.
Ainda nos EUA, a entidade privada NAR revelou uma forte contração (11,6%) nas vendas preliminares de imóveis em abril, ante março. Analistas de mercado projetavam uma queda de 1%. E a sondagem da Universidade de Michigan indicou um aumento no otimismo dos consumidores a respeito da economia: o índice de confiança atingiu os 74,3 pontos em maio, ante 69,8 em abril, bem acima das expectativas.
JUROS
Economistas projetam um ajuste de pelo menos 0,25 ponto percentual para a reunião do Comitê de Política Monetária, marcada para os 7 e 8 do mês que vem. A taxa básica de juros é de 12% ao ano.
Como o restante do mercado, o economista José Goés, da WinTrade (home broker da Alpes Corretora), avalia que o Copom deve promover somente mais dois aumentos, além do ajuste de junho, levando a taxa Selic para 12,75%. "Em outubro deste ano trocaremos índices mais pressionados por outros mais suaves, o que representará uma queda na inflação acumulada dos 12 meses", avalia.
A economista Maristella Ansanelli, do banco Fibra, vê uma moderação de crescimento, como resultado das medidas restritivas adotadas pelo governo, mas que "não deverá ser suficiente para que economia sofra a desaceleração necessária para reduzir a atual pressão inflacionária".
Sob expectativa dos reajustes salariais previstos para o segundo semestre, que podem vir acima da inflação passada, a economista avalia que os níveis correntes de emprego e de renda ainda vão manter a demanda aquecida. Ainda assim, a especiaista da Fibra concorda que o BC deve se limita a mais dois ajustes de 0,25 ponto percentual.