Bovespa fecha em alta de 1% e acumula queda de 2,3% no mês 31/05/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
As preocupações com a crise europeia, no front externo, e com a inflação, no front doméstico, fizeram a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) amargar mais uma mês de forte desvalorização, mesmo com os ganhos apurados hoje.
A Bolsa acumula uma desvalorização de 2,3% neste mês, e de 6,76% neste ano.
Para analistas, o radar do mercado deve continuar voltado para o Velho Continente, às voltas com os problemas financeiros de Grécia, Irlanda e Portugal, e torcendo para a situação da Espanha, uma das maiores economias da zona do euro, não piore.
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Embora a economia doméstica esteja muito melhor em comparação, levando alguns analistas a verem um "ponto de compra" nos atuais níveis de preços das ações, permanecem algumas dúvidas sobre o ritmo de inflação. Aparentemente, o mercado já estabeleceu um consenso de que, pelo menos, mais alguns ajustes de 0,25 ponto percentuais na taxa Selic devem vir pela frente.
"Eu não vejo muitos motivos para a Bolsa subir. O problema da Europa é que o nível de endividamento de alguns países é muito alto, e não consigo enxergar um nível de crescimento suficiente nos próximos anos, para gerar receita e ajustar a situação. O que veremos ainda são medidas paliativas", comenta analista da Global Financial Advisor.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 1,04%, aos 64.620 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,77 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, avança 1,03%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,810, em um decréscimo de 0,81%. No mês, a taxa cambial acumula valorização de 0,44%, mas no ano, a queda acumulada é de 5,16%.
O IBGE apontou um recuo de 2,1% na produção industrial em abril na comparação com março. Trata-se da maior contração da indústria desde dezembro de 2008, quando o país sofria o auge da crise global e o setor registrou queda recorde de 12,2%. Na comparação com abril de 2010, houve queda de 1,3%.
No front externo, o índice de preços do setor imobiliário S&P/Case-Shiller registrou um decréscimo de 4,2% no primeiro trimestre de 2011, após uma queda de 3,6% no último trimestre de 2010. Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, os preços declinaram 5,1%. Segundo a S&P, empresa que divulga as estatísticas, os valores dos imóveis recuaram para níveis equivalentes ao ano de 2002.
O instituto Conference Board apontou uma piora do nível de confiança do consumidor. O índice elaborado por esse instituto teve uma leitura de 60,8 pontos, abaixo dos 66 pontos registrados em abril. Analistas do mercado projetava um resultado em torno de 66 pontos.
EMPRESAS
A advertência do parceiro e varejista francês Casino a respeito de supostas negociações entre o grupo Pão de Açúcar e o também francês Carrefour gerou desconforto na Bolsa. As ações preferenciais do grupo varejista brasileiro amargaram perdas de 4,37%. Em comparação, as ações ordinárias da Lojas Renner valorizaram 1,18%, enquanto os papéis de Lojas Americanas subiram 3,64%.
O Banco do Brasil bateu o rival Bradesco na disputa pela gestão da rede de correspondentes bancários Banco Postal (Correios) com um lance de R$ 2,3 bilhões. A ação ordinária do BB desvalorizou 0,88%, enquanto a ação preferencial do Bradesco subiu 0,51%; já a ação do Itaú-Unibanco ascendeu 0,81%.