Bovespa estreia junho com uma queda de 1,87% no fechamento 01/06/2011
- Epaminondas Neto - Folha Online
As Bolsas de Valores não resistiram à onda de "más notícias" desta quarta-feira. Nos EUA, uma bateria de importantes indicadores revelaram números bem piores do que o previsto por economistas do mercado.
Para completar o quadro, a agência de Moody's rebaixou o "rating" (nota de risco de crédito) da Grécia, sob o argumento de que aumentaram as probabilidades de que esse país "não consiga estabilizar seu endividamento sem uma reestruturação da dívida".
Essa notícia se contrapõe às declarações de autoridades da União Europeia, afirmando que uma reestruturação da dívida soberana grega "não faz parte" das opções para enfrentar a crise financeira do país mediterrâneo.
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O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociados, recuou 1,87% no fechamento, aos 63.411 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,9 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, cai 2,22%.
Na Europa, as principais Bolsas registraram perdas em torno de 1%, a exemplo de Londres, Paris e Frankfurt.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,596, em alta de 1,01%. A taxa de risco-país marca 176 pontos, número 0,56% abaixo da pontuação anterior.
EXPECTATIVAS
Apesar da queda acumulada de 6,8% neste ano, sendo 2,3% somente no mês passado, analistas se "negam" a mostrar otimismo a respeito da Bovespa para junho.
A equipe de analistas da Banif Investimentos justifica sua visão negativa do mercado por três razões, não muito distintos dos motivos citado por outros analistas: a desaceleração cada vez mais evidente da economia americana; a crise europeia, com foco nos problemas da Grécia; e o fator China, que tem revelado sinais mais visíveis de desaquecimento econômico.
Por outro lado, os especialistas da Banif veem uma chance de recuperação para a Bolsa, de olho na inflação doméstica.
"À medida que dados reais sejam divulgados confirmando essa expectativa de baixa inflação, nós prevemos que um otimismo crescente vai fazer o mercado subir, algo que ficará evidente ao redor da terceira semana do mês, com a divulgação das prévias dos índices de inflação no varejo de junho", avaliam.
EUA E BRASIL
A consultoria privada americana ADP reportou uma criação de 38 mil empregos (saldo entre contratações e demissões) em maio nos EUA, bem abaixo dos 170 mil projetados por analistas do mercado. O número é visto como uma estimativa prévia do boletim oficial, previsto para sexta-feira.
Ainda nos EUA, sondagem da entidade privada ISM apontou que o nível de atividade no setor manufatureiro mostrou expansão em maio, mas em seu ritmo mais lento dos últimos 20 meses. O índice que sintetiza essa pesquisa teve uma leitura de 53,5 pontos no mês passado, ante 60,4 em abril. Economistas do setor financeiro projetavam um resultado em torno de 57,5 pontos.
Em uma das poucas notícias positivas do dia, o Departamento de Comércio americano informou que o nível de gastos na construção civil aumentou 0,4% em abril, na sequência da forte contração vista no mês anterior. O consenso de mercado indicava um crescimento de 0,3% para o período.
No front doméstico, o Ministério do Desenvolvimento informou que a balança comercial teve um superavit de US$ 3,5 bilhões em maio, quase 90% acima do resultado de abril. No acumulado do ano, o superavit chega a US$ 8,558 bilhões, uma cifra mais de 50% superior ao número contabilizado no mesmo período em 2010.